Repercussão negativa obriga governo a mudar de posição sobre PL Antiaborto por Estupro, com Lula endurecendo posição após críticas.

Em meio a uma intensa repercussão negativa, o governo do presidente Lula teve que rever sua postura em relação ao projeto de lei que instituía regime de urgência ao PL Antiaborto por Estupro. A conduta do governo na votação da Câmara gerou descontentamento, levando Lula, a primeira-dama Janja e a articulação política do Executivo a adotarem uma posição mais firme sobre a matéria.

Inicialmente, o presidente evitou comentar o tema, afirmando apenas que iria “tomar pé” da situação. Porém, menos de 24 horas depois, mudou de postura e classificou como “insanidade” punir uma mulher com uma pena maior do que o criminoso que cometeu o estupro. A falta de orientação da bancada do governo durante a votação do projeto e a atuação discreta do PT para não expor os parlamentares favoráveis e contrários à proposta facilitaram a aprovação do regime de urgência, mas as críticas não tardaram a surgir.

A reação contrária à proposta, que poderia resultar em penas menores para estupradores do que para mulheres que realizassem aborto, uniu a esquerda nas redes sociais e provocou manifestações de repúdio. Diante da pressão, o governo teve que rever sua posição e explicitar seu posicionamento contrário ao projeto. A primeira-dama Janja, conhecida por influenciar Lula em debates relacionados a pautas de costumes, manifestou sua discordância em relação ao PL nas redes sociais.

Além disso, o governo também enfrentou críticas em outra frente, quando a CCJ da Câmara aprovou uma PEC que constitucionaliza a criminalização do porte e posse de drogas. A omissão do governo em orientar sua bancada, aliada à falta de posicionamento em temas sensíveis, coloca o Executivo em uma situação delicada em relação à base eleitoral. O esforço para evitar desgastes políticos em projetos polêmicos pode resultar em custos políticos não previstos, como no caso do debate sobre o aborto.

Diante desses desafios, o governo de Lula se vê em uma corda bamba, tentando conciliar interesses diversos e evitar conflitos que possam comprometer a aprovação de projetos considerados fundamentais para a recuperação econômica do país. O desafio de equilibrar a articulação política com a pressão da militância e a opinião pública requer um cuidadoso cálculo de estratégias para evitar desgastes desnecessários e garantir a governabilidade.

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