Os dados preliminares da pesquisa revelam que 100% das pessoas com renda familiar abaixo do valor mencionado sofrem de ansiedade, enquanto esse percentual cai para 86,7% entre aqueles com renda acima de R$ 10 mil. Em relação à depressão, 71% das pessoas de baixa renda são afetadas, comparado a 35,9% daqueles com maior poder aquisitivo. Já a síndrome de burnout atinge 69% das pessoas com renda mais baixa, contra 47% das que possuem renda mais alta.
O estudo vem sendo realizado desde meados de maio e tem como objetivo investigar as consequências das enchentes na saúde mental da população porto-alegrense. Os dados são coletados através de questionários online preenchidos pelos próprios indivíduos afetados ou interessados em participar da pesquisa.
A coordenadora do estudo, psiquiatra Simone Hauck, ressaltou a importância de evidenciar os resultados para que mais pessoas tenham conhecimento da pesquisa e contribuam com informações sobre seu estado emocional. A intenção dos organizadores é fornecer subsídios para a política de saúde pública e ajudar na identificação e tratamento de distúrbios emocionais decorrentes de situações traumáticas como as enchentes.
O levantamento conta com o apoio dos comitês de ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e da prefeitura da cidade, e está sendo conduzido de forma voluntária por profissionais da área da saúde. A expectativa é que, ao longo de um ano, mais dados sejam coletados e que um acompanhamento mais detalhado da saúde mental dos afetados pelas inundações seja realizado.