Justiça convoca audiência para ouvir criança vítima de intolerância racial; família e defesa comemoram decisão histórica.

A 3ª Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo convocou uma audiência para ouvir o depoimento da menina Maria Hellenna, de apenas 9 anos, filha do cantor Arlindinho e neta do renomado sambista Arlindo Cruz. O motivo da convocação é a apuração de um caso de suposta intolerância ou injúria racial contra a criança, que teria sido vítima de ofensas racistas durante uma aula de vôlei.

Segundo relatos dos pais da menina, um colega de Maria Hellenna teria proferido insultos racistas, como “Joga, sua macaca”, durante a atividade esportiva. A mãe da criança, a pedagoga Talita Contenças de Arruda, denunciou o caso no mês passado, o que levou à convocação da audiência para o dia 16 de julho.

A decisão da Justiça em ouvir diretamente a criança durante a audiência foi recebida com entusiasmo pela família e pela defesa. O advogado Hédio Silva Jr., coordenador do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras, destacou a importância da criança poder descrever os impactos da conduta racista diretamente ao juiz, ressaltando a gravidade e ofensividade do ato.

Silva Jr. também representou a atriz Samara Felippo em um caso semelhante de discriminação racial envolvendo a filha da artista em um colégio de São Paulo. Ele argumenta que é fundamental que medidas de reeducação sejam aplicadas ao suposto agressor, como prestar serviço em uma ONG voltada para questões raciais.

A defesa lamenta que escolas, que deveriam ser espaços de valorização da diversidade, tenham que lidar com situações de intolerância racial, levando à revitimização de crianças negras. Para o advogado, a tortura racial sofrida por Maria Hellenna tem impactos permanentes em sua vida, destacando a necessidade de medidas educativas e punitivas para combater tais atitudes.

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