Repórter São Paulo – SP – Brasil

Grupo de teatro Vivencial e a trajetória revolucionária de Pernalonga: 50 anos de liberdade, arte e resistência na ditadura militar.

Há exatamente meio século, durante a ditadura militar no Brasil, um grupo de teatro extremamente ousado e inovador, composto principalmente por pessoas LGBT+, deu início às suas atividades e marcou uma era na cena cultural brasileira. Estamos falando do grupo de teatro Vivencial, que se destacava por sua liberdade artística e por abordar de forma corajosa temas considerados tabus na época.

Um dos nomes mais emblemáticos desse grupo era Pernalonga, também conhecido como Antonio Roberto Lira de França, que desafiava as convenções sociais e a repressão policial com sua arte provocativa e transgressora. Pernalonga, que se identificava como bissexual, foi diagnosticado com HIV no final dos anos 80, em plena pandemia de Aids, e acabou falecendo de forma trágica, vítima de preconceito e falta de assistência.

O legado de Pernalonga transcendeu os palcos e ecoou na educação e na militância, participando ativamente de ações educativas para conscientização sobre HIV e Aids em um momento crucial da epidemia. Seu nome ficou imortalizado no livro “Pernalonga: Uma sinfonia inacabada”, escrito por Márcio Bastos, um renomado jornalista e mestre em comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco.

Márcio Bastos, que foi setorista de artes cênicas na imprensa local por uma década, destaca a importância de resgatar a memória de Pernalonga e do grupo Vivencial, considerando que ambos representam uma parte significativa da história artística e cultural do Nordeste brasileiro. Para celebrar o legado de Pernalonga, será realizado um debate no Sesc Pinheiros, em São Paulo, com a participação do autor Márcio Bastos, da atriz Verónica Valenttino e do jornalista Mateus Araújo.

O evento Chá e Prosa – Teatro e Identidades promete ser uma oportunidade única para conhecer mais sobre a trajetória de Pernalonga e refletir sobre a importância da representatividade LGBT+ no teatro brasileiro. A aclamada musical Brenda Lee e o Palácio das Princesas também serão destaque no evento, trazendo à tona outras importantes narrativas de resistência e enfrentamento. Esta iniciativa visa não apenas lembrar o legado de Pernalonga, mas também dar visibilidade às lutas e conquistas da comunidade LGBT+ no Brasil.

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