O dermatologista Marcelo Rosandiski Lyra, pesquisador do Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fiocruz, explicou que é inaceitável que pessoas venham a óbito por causa do tratamento de uma doença que geralmente não é fatal. Os tratamentos convencionais, além de serem tóxicos, também causam complicações para os pacientes, como dor muscular e de cabeça.
O estudo coordenado por Lyra propôs uma mudança no tratamento da leishmaniose cutânea, utilizando uma abordagem intralesional, ou seja, aplicando o medicamento diretamente na lesão. Os resultados do estudo mostraram uma taxa de cura de 83% com esse novo tratamento, enquanto o tratamento convencional apresentou uma taxa de cura de 68% e mais efeitos colaterais.
O trabalho contou com o apoio de várias instituições de renome, o que dá um caráter nacional e reforça a importância dos resultados. Além disso, o estudo foi premiado em congressos importantes da área e publicado em uma revista especializada.
Os pesquisadores esperam incluir essa nova abordagem no próximo manual de tratamento da leishmaniose do Ministério da Saúde, ampliando o acesso a um tratamento mais eficaz, seguro e econômico. O estudo também teve um impacto positivo na vida de pacientes, como Fernando Correa Losada, que se curou da doença após iniciar o tratamento intralesional.
Embora haja pouco interesse internacional na pesquisa sobre a leishmaniose devido ao seu impacto principalmente em países pobres, os pesquisadores acreditam que os resultados obtidos são fundamentais para reduzir custos, evitar mortes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A busca por tratamentos mais eficazes e seguros para doenças negligenciadas como a leishmaniose é essencial para garantir o bem-estar da população.