Empresário dono do grupo Ituxi se entrega à PF após investigação de esquema criminoso de grilagem na Amazônia.

O empresário Ricardo Stoppe Júnior, um dos proprietários do grupo Ituxi, se entregou à Polícia Federal nesta sexta-feira (7), após ser considerado foragido pelas autoridades. Stoppe Júnior é suspeito de participar de um esquema criminoso de grilagem, esquentamento de madeira e geração de créditos de carbono em áreas pertencentes à União.

A operação Greenwashing, deflagrada pela PF na quarta-feira (5), resultou na prisão de Stoppe Júnior, Elcio Aparecido Moço, José Luiz Capelasso, Ricardo Villares Stoppe e Poliana Capelasso. Além disso, a polícia realizou buscas em 22 empresas e em diversos órgãos públicos na região do Amazonas.

Documentos foram apreendidos em cartórios de registro de imóveis, na superintendência do Incra e em uma secretaria do governo do Amazonas, como parte das investigações conduzidas pela PF em Rondônia. O grupo Ituxi, com sede em Lábrea, sul do Amazonas, é o principal alvo da operação e teria movimentado milhões de reais em esquemas ilícitos.

Segundo a PF, o grupo Ituxi teria gerado R$ 180 milhões em esquemas de créditos de carbono, vendidos a grandes empresas, incluindo multinacionais. O total envolvido em grilagem, esquentamento de madeira e créditos de carbono chegou a R$ 1,6 bilhão, de acordo com a investigação policial.

A empresa Carbonext, que desenvolveu projetos em parceria com o grupo Ituxi, como os projetos Fortaleza Ituxi, Unitor e Evergreen, não foi alvo de mandados de busca ou prisão. Em nota, a empresa afirmou que é prestadora de serviços e não realiza regularização fundiária.

O esquema investigado pela PF envolveu a grilagem de áreas públicas da União, com fraudes que se estenderam por mais de uma década. Títulos de propriedade foram duplicados e falsificados, além da inserção de dados falsos em sistemas públicos. As atividades ilícitas se expandiram para outras regiões do sul do Amazonas nos últimos anos.

A PF também identificou a cooptação de agentes em cartórios para transformar terras públicas em propriedades privadas, com o objetivo de esquentar a madeira extraída ilegalmente. Os créditos de carbono gerados a partir desses esquemas eram certificados pela empresa internacional Verra e vendidos a grandes corporações interessadas em compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

Empresas como Boeing, Gol, iFood, Nestlé, entre outras, compraram créditos do grupo Ituxi, sendo consideradas pela PF como vítimas do esquema criminoso. A investigação continua em andamento para apurar todas as ramificações do caso e identificar outros envolvidos.

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