Demarcação do litoral brasileiro: desafio de precisão e custos para determinar linhas imaginárias que definem territórios na costa.

O território nacional brasileiro é marcado por uma extensa costa marítima, que atualmente está no centro de debates acalorados devido à proposta conhecida como “PEC das Praias”. Essa proposta busca redefinir os limites territoriais da União ao longo do litoral, levantando questões sobre a demarcação da linha de preamar médio estabelecida em 1831.

Com quase duzentos anos desde a definição dessa linha, especialistas apontam que ela pode não refletir mais a realidade atual, já que em algumas regiões a linha de preamar médio pode estar submersa. O desafio de demarcar corretamente essa linha é complexo e requer uma série de recursos financeiros, humanos e computacionais.

O Plano Nacional de Caracterização, lançado há uma década, tinha como objetivo demarcar a linha de preamar médio em todos os estados litorâneos do Brasil. No entanto, a meta de conclusão foi adiada devido a entraves burocráticos e financeiros. Atualmente, estima-se que apenas cerca de 15 mil km já foram demarcados, de um total de aproximadamente 48 mil km lineares.

A lei de 1946 estabelece que a partir da linha de 1831, a União deve calcular uma distância de 33 metros para definir sua área de posse, conhecida como terreno de marinha. Essa área inclui desde recursos naturais até condomínios de luxo. A PEC das Praias propõe que esses terrenos de marinha sejam transferidos para os ocupantes atuais mediante pagamento à União.

No entanto, a proposta gera debates sobre a exatidão dos cálculos, visto que o critério fixo de 193 anos pode não refletir as mudanças na linha costeira ao longo do tempo. Para especialistas, é fundamental investir em tecnologias de medição do nível do mar e em estudos mais precisos para garantir uma demarcação correta e justa dos territórios marítimos brasileiros.

Em meio a essas discussões, o país enfrenta desafios como a extensão de seu litoral, a necessidade de atualização da legislação e a falta de investimentos em equipamentos de medição. O debate em torno da PEC das Praias evidencia a importância de uma gestão eficiente do patrimônio público e o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação dos ecossistemas costeiros.

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