Projeto do novo centro administrativo em São Paulo gera polêmica e mobiliza movimentos sociais e urbanistas contra desapropriações e demolições.

Movimentos sociais e urbanistas estão em intensa mobilização contra o polêmico projeto do novo centro administrativo do governo de São Paulo. A proposta prevê a desapropriação e demolição de quatro quarteirões inteiros, além de outras áreas no entorno da Praça Princesa Isabel, localizada na região central da capital paulistana. O objetivo é construir torres de 30 andares para abrigar cerca de 22 mil funcionários das secretarias e órgãos estaduais, que atualmente estão distribuídos em diversos pontos da cidade.

A Congregação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) emitiu uma moção de repúdio contra o projeto, destacando a falta de debate em torno do assunto. Os professores ressaltam a importância de submeter a proposta à Câmara Municipal de São Paulo e promover um “amplo debate público” para discutir os impactos urbanísticos da iniciativa.

Os docentes da FAU-USP argumentam que é fundamental desenvolver um plano urbanístico adequado para a região dos Campos Elíseos, local conhecido pela presença da Cracolândia. No entanto, criticam a maneira como o projeto está sendo conduzido, ressaltando a ausência de considerações sobre as atuais moradias, comércios e formas de uso existentes no local.

Recentemente, foi aberto um concurso para a escolha do projeto arquitetônico e urbanístico do novo centro administrativo, com os resultados previstos para agosto. Entretanto, os professores da FAU-USP criticam o fato de o “masterplan” do concurso já estar definido antecipadamente, com uma abordagem que desconsidera a realidade do local e sugere a eliminação de quadras em favor de torres administrativas.

Outro ponto de preocupação é a possível transferência do Terminal de Ônibus Princesa Isabel, que conecta diversas regiões da cidade à parte central. Além disso, a área prevista para desapropriação inclui um conjunto habitacional destinado a 131 famílias de baixa renda, o que tem gerado apreensão entre os movimentos de moradia.

Diante desse contexto, a sociedade civil tem se mobilizado para pressionar por mais transparência e participação nas decisões relacionadas ao projeto. O governo estadual estima que cerca de 800 pessoas, entre inquilinos e proprietários, precisarão deixar suas residências para dar lugar ao novo centro administrativo, o que tem gerado preocupações e críticas por parte dos ativistas envolvidos.

Por sua vez, o governo de São Paulo afirma que o concurso de arquitetura segue a legislação urbana da cidade e que todas as propostas devem respeitar o Plano Diretor, a lei de Zoneamento e as resoluções ligadas aos tombamentos históricos da região. Além disso, está em andamento um projeto para construção de moradias na região central por meio de uma parceria público-privada, visando atender às demandas da população residente nos Campos Elíseos.

Diante das divergências e preocupações levantadas pelos movimentos sociais, a realização de consultas e audiências públicas para discutir o projeto é uma das medidas previstas pelo governo, visando ouvir a população e a sociedade civil organizada. Até que essas questões sejam devidamente esclarecidas e discutidas com transparência, a mobilização e a pressão dos grupos envolvidos devem continuar na busca por um planejamento urbano mais justo e inclusivo para a região central de São Paulo.

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