“PEC das Praias”: a polêmica proposta que pretende mudar o controle da costa brasileira vem sendo discutida no Congresso

A proposta de emenda constitucional (PEC) denominada “PEC das Praias” trouxe à tona uma antiga polêmica em relação à propriedade e uso das áreas de marinha no litoral brasileiro. Essas áreas, consideradas públicas e pertencentes à União, têm uma longa história que remonta ao período colonial, quando a Coroa portuguesa reservou esses espaços em vez de distribuí-los aos colonizadores através das sesmarias.

A carta régia assinada por Dom João 5º em 1710 foi o primeiro documento a regulamentar essas áreas, determinando a reserva para a Coroa portuguesa das marinhas e proibindo construções nas praias do litoral. A história da definição das áreas de marinha, inicialmente não muito claras, evoluiu ao longo dos anos até chegar à medida de 15 braças, cerca de 33 metros.

A manutenção do controle pela Coroa sobre essas áreas tinha fins de segurança, defesa e controle econômico. A delimitação das 15 braças era uma forma de garantir o controle da pesca na costa e da exploração do sal, tornando-se parte fundamental da estratégia de defesa do território.

Com o passar dos anos, a regulamentação sobre as áreas de marinha foi se adaptando às novas realidades do Brasil independente. O regime de propriedade privada da terra a partir de 1850 levou ao retalhamento do território nacional, desencadeando conflitos e disputas pela apropriação e uso do território brasileiro.

Atualmente, a legislação sobre as áreas de marinha é baseada no decreto de Eurico Gaspar Dutra em 1946, que estabeleceu as terras de marinha como aquelas a 33 metros da linha do preamar-médio de 1831. Essa legislação, com modificações ao longo dos anos, é a base do que vigora atualmente no Brasil.

A Constituição de 1988 tornou os terrenos de marinha um preceito constitucional, incluindo-os como bens da União. A PEC das Praias vem levantando debates acalorados sobre a privatização das praias, com argumentos pró e contra a proposta. A revisitação constante da legislação sobre as áreas de marinha reflete a importância de uma gestão adequada e equitativa dos espaços públicos costeiros no Brasil.

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