Parada LGBTQIA+ de São Paulo: milhões vestem verde e amarelo em estratégia política astuta para reivindicar seus direitos e pertencimento.

A Parada LGBTQIA+ de São Paulo reuniu milhões de pessoas vestindo as cores verde e amarelo, em um movimento que vai muito além de uma simples escolha estética. A iniciativa de adotar essas cores, também associadas à extrema direita bolsonarista, foi uma estratégia política astuta, que ganhou destaque em muitos sentidos.

Em primeiro lugar, a escolha das cores verde e amarelo representa uma afirmação da identidade LGBTQIA+ dentro de um país que ainda enfrenta altos índices de homotransfobia. Dados oficiais indicam um aumento de 54% nos casos de crimes contra a população LGBTQIA+ no Brasil, evidenciando a violência persistente enfrentada por essas pessoas. Organizações como Antra, Grupo Gay da Bahia e Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil têm denunciado a escalada da violência, especialmente contra a população trans.

Além disso, a ocupação da Avenida Paulista com as cores verde e amarelo resgata o poder das ruas como espaço de resistência e manifestação. A história da luta pelos direitos LGBTQIA+ no Brasil remonta a movimentos como o do Lampião da Esquina, que em 1978 já clamava pela ocupação das ruas em oposição ao isolamento em guetos.

Por fim, a escolha das cores verde e amarelo também destaca as contradições do país, que celebra sua diversidade enquanto negligencia os direitos da comunidade LGBTQIA+. O lema da Parada deste ano, “Basta de negligência e retrocesso no Legislativo”, reflete a urgência de leis que protejam e garantam os direitos dessa população. Apesar de não ser uma solução definitiva, a utilização do verde e amarelo como símbolo pode chamar a atenção para a existência e a luta contínua dos LGBTQIA+ no Brasil.

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