CPI da Saúde no DF pode investigar mortes de crianças por suposta negligência nos hospitais públicos, apesar da resistência parlamentar.

A crise na saúde do Distrito Federal (DF) tem causado preocupação devido às longas filas de espera e à morte de quatro crianças em um mês, supostamente devido à negligência nos atendimentos. Diante desse cenário, a Câmara Legislativa do DF (CLDF) pode iniciar uma investigação para apurar as falhas no sistema de saúde da região.

Com a obtenção das oito assinaturas necessárias, os parlamentares estão buscando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a crise na saúde. No entanto, a instalação da CPI ainda é incerta devido à limitação do regimento interno que proíbe mais de duas CPIs simultâneas, a menos que haja o apoio da maioria dos deputados distritais.

O deputado Max Maciel, um dos autores do pedido de criação da CPI, está pressionando as lideranças para que a comissão seja instalada, argumentando que a situação na saúde é grave e merece investigação. Segundo ele, as mortes de crianças não decorreram de complicações clínicas, mas sim da falta de assistência médica, como casos em que as crianças não puderam ser transportadas devido à falta de ambulâncias.

O requerimento para a CPI aponta que 65 crianças com menos de 1 ano morreram nos hospitais do DF nos primeiros 60 dias de 2024, um número considerado recorde para um período tão curto. Além disso, os centros regionais estão superlotados, o que resulta na recusa de novos pacientes e na internação inadequada de pacientes nas unidades de atenção básica.

A situação da saúde pública no DF piorou nos últimos anos, segundo o presidente do Sindicato de Médicos do DF, Gutemberg Fialho. Ele ressalta que a assistência médica na região tem enfrentado um cenário de desassistência, com falta de atendimento adequado e precariedade na infraestrutura de unidades de saúde.

O pedido de criação da CPI visa investigar as falhas de atendimento e gestão da saúde pública desde a criação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF) em 2019, abrangendo toda a rede de saúde do Distrito Federal. O Iges é responsável pela administração do Hospital de Base de Brasília, do Hospital Regional de Santa Maria e de UPAs na região.

Diante desse contexto, a investigação da CPI é vista como essencial pelos profissionais de saúde do DF, que denunciam más condições de trabalho e falta de pessoal. Sindicalistas, movimentos sociais e estudantis estão convocando um ato para apoiar a abertura da Comissão, marcado para a próxima segunda-feira em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo local.

O governador Ibaneis Rocha afirmou que o governo do DF investiu R$ 48 bilhões na saúde em cinco anos e anunciou a contratação de mais profissionais de saúde. No entanto, as críticas à falta de estrutura e de clareza nos contratos seguem sendo levantadas pelos profissionais de saúde e são motivos de preocupação para a população do Distrito Federal.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo