Essas mudanças nas estimativas de inflação de longo prazo já eram esperadas pelos analistas do mercado, que apontam a incerteza em relação ao comportamento do Banco Central a partir de 2025 como um dos fatores que influenciam esse movimento. Com a proximidade da substituição do atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, por um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a incerteza cresce, segundo os especialistas.
Essa incerteza foi agravada pela última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que resultou em um corte de 0,25 ponto percentual da Selic, levando a taxa para 10,5% ao ano. Dentre os nove integrantes do colegiado, quatro, todos já indicados por Lula e críticos do atual patamar de juros, defendiam um corte maior, de 0,5 ponto percentual. Esses diretores argumentaram que manter a sinalização anterior de um novo corte de 0,5 ponto era importante para a imagem do BC.
Além disso, declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também contribuíram para a pressão sobre o Banco Central. Em uma audiência na Câmara, ele mencionou que o centro da meta de inflação, de 3%, é bastante exigente para as condições do Brasil, aumentando a percepção de que o governo pode eventualmente aumentar essa meta.
Diante desse cenário, a expectativa para a próxima reunião do Copom, em junho, é de unanimidade entre os economistas do mercado financeiro. No entanto, a incerteza em relação às futuras decisões do Banco Central persiste, sendo a comunicação e a credibilidade questões-chave para a retomada da confiança dos agentes econômicos. Enquanto alguns especialistas apontam para mais cortes na Selic até o final do ano, outros já consideram a estabilidade da taxa em um patamar mais alto. Tudo indica que as próximas decisões do Copom serão determinantes para o rumo da política monetária no Brasil.