A pesquisa foi coordenada pela doutora em saúde pública, Sandra Fonseca, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo a especialista, a tendência de queda na mortalidade materna que vinha sendo observada entre 2006 e 2018 no estado do Rio de Janeiro era muito lenta. O objetivo do Brasil é reduzir a mortalidade materna para pelo menos 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2030. No entanto, com o impacto da pandemia, especialmente entre gestantes e idosos, essa meta torna-se ainda mais desafiadora.
Durante o estudo, foi observado que a hipertensão foi a principal causa de morte materna em todos os anos analisados, exceto em 2020 e 2021, nos quais a Covid-19 se destacou como principal causa. Além disso, a pesquisa revelou que as mulheres pretas foram as mais afetadas, com uma média de 226 mortes por 100 mil nascidos vivos. Esse dado contrasta com as 140 mortes por 100 mil entre as mulheres brancas.
Para reverter esse quadro preocupante, Sandra Fonseca enfatizou a importância de reforçar o atendimento à saúde durante a gestação, garantindo um pré-natal qualificado e um acompanhamento adequado durante o parto e o puerpério. Ela também ressaltou a necessidade de investimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e de estratégias para garantir o acesso igualitário aos serviços de saúde, principalmente para as mulheres pretas, que enfrentam maiores desigualdades no acesso ao pré-natal.
A pesquisa utilizou fontes como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde para coletar os dados necessários. Os resultados preliminares do estudo serão apresentados no Congresso de Epidemiologia, que ocorrerá em novembro, e espera-se que essas informações subsidiem a implementação de políticas públicas eficazes para combater a desigualdade e reduzir a mortalidade materna no Estado do Rio de Janeiro.