Repressão e resistência: a história da greve geral de 1917 em São Paulo e a revolta na delegacia do Cambuci em 1930

Há mais de cem anos, o cenário trabalhista em São Paulo foi marcado por um evento histórico que mudou o rumo da luta por direitos trabalhistas na cidade. A greve geral de 1917, que teve início com a paralisação dos operários do Cotonifício Crespi, na Mooca, foi um marco importante na história do movimento operário paulistano.

Na época, as reivindicações dos trabalhadores incluíam questões básicas como aumento de salários, férias, proibição do trabalho infantil, fim do trabalho noturno para mulheres, aposentadoria e assistência médica. O movimento não se restringiu apenas à indústria têxtil, se estendendo também para outros setores como o alimentício, ferroviário e gráfico.

A insatisfação da classe trabalhadora era evidente e culminou em conflitos e tiroteios que se estenderam por dias, resultando na morte de um trabalhador espanhol chamado José Martinez pelas mãos da polícia. A década de 1920 foi particularmente tensa, com um clima de repressão e descontentamento generalizado.

O governo de Washington Luís, que governou de 1926 a 1930, foi marcado por medidas repressivas e autoritárias contra os movimentos sindicais e trabalhistas. A chamada “Lei Celerada” foi aprovada nesse período, criminalizando a organização de protestos e greves e tornando crime inafiançável desviar operários dos estabelecimentos onde trabalhavam.

A repressão policial era implacável, com manifestantes sendo encarcerados e até mesmo torturados. Anarquistas, comunistas, socialistas e sindicalistas eram tratados como criminosos e frequentemente enviados à 6ª Delegacia do Cambuci, principal aparelho de repressão política da época.

No entanto, a resistência dos trabalhadores não cessou. Com a vitória da Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, as manifestações populares se intensificaram. Um dos marcos desse período foi a tomada da 6ª Delegacia do Cambuci, conhecida como a “Bastilha do Cambuci”, em referência à tomada da Bastilha na Revolução Francesa.

O episódio marcou o fim de um ciclo de repressão e injustiças, simbolizando a luta incansável dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e respeito aos seus direitos. A história da Bastilha do Cambuci se tornou um símbolo da resistência e da determinação do povo paulistano em buscar uma sociedade mais justa e igualitária.

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