Dona Cadu, a mestra ceramista do Recôncavo Baiano, falece aos 104 anos deixando legado de amor e arte

A mais antiga mestra ceramista de Coqueiros, distrito de Maragogipe, na cidade do Recôncavo Baiano (BA), Dona Cadu, faleceu aos 104 anos, deixando um legado de arte e sabedoria. Ricardina Pereira da Silva, seu nome de batismo, começou a moldar o barro ainda na infância, acompanhando uma vizinha na confecção de utensílios de cerâmica. Seu talento e dedicação a transformaram em uma referência na região, com mais de 90 anos dedicados à sua arte.

Dona Cadu nasceu em 1920, em São Félix, também no Recôncavo Baiano, e ao longo de sua vida, além de ceramista, foi sambadeira e rezadeira, mantendo vivas as tradições herdadas de seus antepassados. Mesmo sem educação formal, era reconhecida por sua inteligência e sabedoria, colecionando dois títulos de doutora honoris causa de universidades renomadas.

O amor pela arte da cerâmica e pelo samba de roda estiveram sempre presentes na vida de Dona Cadu, que em 2004 fundou os Filhos de Dona Cadu, um grupo que perpetua sua herança artística. Em 2021, ganhou um memorial dedicado a sua trajetória, com peças de cerâmica e fotografias que contam sua história.

A mestra ceramista também tinha uma ligação com a religiosidade afro-brasileira, sendo devota de Santa Bárbara. Acredita que a santa a salvou de um malfeito, o que a fez reverenciar e respeitar suas origens ancestrais. Sua última aparição pública foi em um evento no Museu de Arte da Bahia, em Salvador, onde mesmo com a idade avançada, cantou, sambou e gargalhou.

Dona Cadu deixa um legado de amor e ensinamentos, sendo lembrada por seus familiares como uma pessoa que pregava o perdão e a felicidade. Sua morte, em 21 de maio, foi sentida por inúmeros admiradores, familiares e amigos que reconhecem sua importância para a cultura e a arte da região.

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