Ao se casar com José César Aprilanti Gnaccarini, professor da Universidade de Brasília, Maria das Dores deixou sua cidade natal e foi viver na recém-construída Brasília. Lá, teve a oportunidade única de encontrar o cosmonauta soviético Iuri Gagárin, em uma visita histórica que marcou sua vida para sempre. Sua origem interiorana se misturava ao espírito aventureiro que a acompanhava, fazendo dela uma mulher de múltiplas camadas e contradições.
Conhecida carinhosamente como Dodô, Maria das Dores era funcionária pública e tinha um senso de justiça admirável, que se refletia em todas as suas ações. Por trás da fachada séria, escondia uma verdadeira artista, seja nas artes plásticas, na música, ou em sua atuação como o centro das atenções em qualquer cena. Para seus netos, Maria das Dores foi uma fonte de alegrias na infância, mas também de ressentimentos na vida adulta, sempre com palavras amorosas mescladas a duras verdades.
Ao partir, deixou um legado de amor e amizade, sendo lembrada por suas filhas, netos e diversas amigos que conquistou ao longo da vida. Seu velório foi realizado no sobrado histórico do centro de Capivari, que havia sido de sua mãe e que Maria das Dores felizmente conseguiu reformar de acordo com seus desejos.
Maria das Dores Silveira Gnaccarini, ou simplesmente Vovó Maria, foi uma mulher única, complexa e cativante, que conseguiu deixar sua marca no mundo de uma forma inigualável. Sua morte foi uma perda inacreditável, que deixou saudades e memórias eternas naqueles que tiveram a sorte de conhecer e conviver com ela.