Facções criminosas dominam abrigos em crise humanitária no Rio Grande do Sul, revela reportagem da BBC News Brasil.

No auge da crise humanitária causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, abrigos emergenciais foram erguidos nas cidades de Guaíba e Canoas, na região metropolitana da capital gaúcha, onde cerca de 5 mil pessoas foram alojadas. Porém, entre as famílias desabrigadas, também estavam membros de facções criminosas, que demonstraram seu poder ao fazer divisões físicas nos abrigos e escolher locais estratégicos para alocar seus membros.

Segundo informações de pessoas que trabalham nos abrigos, as facções chegaram a determinar quais salas pertenciam a certos grupos e pessoas, buscando controlar até mesmo a distribuição de comida nos abrigos. Esse comportamento evidencia o poder das facções criminosas nas comunidades, destacando a importância da presença do poder público e da polícia para evitar a dominância desses grupos em situações de crise.

Apesar do controle inicial das facções nos abrigos, a situação foi logo revertida, com a redistribuição dos abrigados em alojamentos menores, limitando a ocupação a até 120 pessoas e descentralizando o poder das facções. Paralelamente, foram registrados casos de crimes relacionados às enchentes, como furtos e roubos, especialmente em lojas próximas ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

Além disso, a violência nos abrigos se tornou uma preocupação real, com relatos de abusos, agressões e casos de violência doméstica. O poder público precisou agir, inaugurando alojamentos exclusivos para mulheres e crianças, e realizando prisões de indivíduos envolvidos em crimes sexuais e agressões dentro dos abrigos. A presença das facções nos abrigos também gerou tensão e conflitos, evidenciando a necessidade de medidas de segurança e controle por parte das autoridades.

Diante da crise e do potencial aumento da criminalidade, as autoridades adotaram estratégias para conter a atuação das facções e evitar uma escalada de crimes. Operações policiais foram realizadas para apreensão de armamentos e drogas das facções, visando enfraquecer esses grupos e prevenir ações criminosas. A preocupação com o aumento de roubos e furtos após as enchentes levou a um reforço no policiamento e na vigilância das áreas afetadas.

O secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, assegurou que a polícia atuará com força máxima e tolerância zero diante da criminalidade, dando especial atenção às “cidades temporárias” para evitar a presença do crime organizado e garantir a segurança dos desabrigados. A população, ainda abalada pela crise, espera ações efetivas das autoridades para garantir a tranquilidade e a ordem nas áreas afetadas pelas enchentes.

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