Apenas 15% das estações de monitoramento de rios no Brasil transmitem informações em tempo real, aponta Centro Nacional de Monitoramento.

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul poderiam ter sido amenizadas com um monitoramento mais eficiente dos rios e lagos da região. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), apenas 15% das 23,6 mil estações de monitoramento de rios no Brasil transmitem informações em tempo real. Isso significa que cerca de 20 mil estações, o equivalente a 85% do total, não possuem esse tipo de acompanhamento, operando ainda no sistema manual, onde os dados são coletados por funcionários e transmitidos para os órgãos de monitoramento.

A falta de monitoramento em tempo real pode retardar a emissão de avisos às autoridades e à população em geral, o que se mostrou crucial durante as enchentes no Rio Grande do Sul. A demora em obter informações sobre os afluentes dos principais rios compromete a agilidade na identificação de áreas sob risco de alagamento, especialmente em cidades do interior, onde o impacto das cheias muitas vezes só é percebido quando já é tarde demais.

Atualmente, o Cemaden possui uma rede própria de 2.600 equipamentos que monitoram 1.133 municípios em todo o país. No entanto, para aprimorar o monitoramento, o órgão também conta com informações de outras entidades interligadas em rede, como o Serviço Geológico Brasileiro, o Instituto Nacional de Meteorologia e a Agência Nacional de Águas.

Leandro Casagrande, engenheiro responsável pelo monitoramento hidrológico do Cemaden, destaca a importância da colaboração entre os diferentes órgãos para a prevenção de eventos climáticos extremos. Ele reconhece a necessidade de aperfeiçoamento do sistema, tanto com o aumento de informações em tempo real quanto com uma maior atenção às bacias menores, que podem representar um risco significativo para a população em caso de enchentes.

Além do sistema nacional, estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo contam com redes estaduais de monitoramento, reforçando a importância do monitoramento e da prevenção em diferentes níveis. A adaptação e aprimoramento contínuo dos sistemas de monitoramento são fundamentais para garantir a segurança das populações em áreas vulneráveis a desastres naturais.

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