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Tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul: responsabilidade humana ou evento natural excepcional? Especialistas analisam causas e reflexões.

Desde o último fim de semana, o Rio Grande do Sul tem enfrentado uma tragédia provocada pelas chuvas torrenciais que assolaram o estado, resultando na morte de aproximadamente 150 pessoas até o momento. Esse evento extremo levantou questionamentos sobre a natureza da tragédia: seria apenas um evento natural imprevisível, ou haveria uma parcela significativa de responsabilidade humana devido à ocupação desordenada do território, desenvolvimento urbano e uso inadequado do solo?

Especialistas em recursos hídricos, como geólogos, agrônomos e engenheiros consultados pela Agência Brasil, convergem em afirmar que as chuvas foram realmente excepcionais e agravadas pelas mudanças climáticas globais. No entanto, divergem sobre a responsabilidade das atividades econômicas e da ocupação territorial na potencialização do desastre.

O geólogo Rualdo Menegat, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), criticou as políticas de planejamento urbano e econômico do estado, afirmando que a desorganização do território causada pela especulação imobiliária e pelo desmatamento de vegetação nativa contribuíram para a tragédia. Por outro lado, o agrônomo Fernando Setembrino Meirelles discorda da importância atribuída à agricultura nas inundações recentes, argumentando que a magnitude das chuvas é a principal explicação para a catástrofe.

Em relação aos sistemas de contenção de águas em Porto Alegre, os especialistas concordam que houve falhas estruturais que contribuíram para a propagação das enchentes. A falta de manutenção e o contexto das mudanças climáticas foram apontados como fatores de fragilização das estruturas de proteção.

No que diz respeito à prevenção e redução de danos, os especialistas destacam a necessidade de uma Defesa Civil eficiente, treinamento da população para situações de emergência e investimento em adaptações estruturais para lidar com eventos climáticos extremos. A cultura de prevenção e o monitoramento adequado dos fenômenos naturais são apontados como essenciais para minimizar os impactos de futuras tragédias.

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