Notícias falsas, críticas ao governo, negacionismo em relação às mudanças climáticas e teorias da conspiração têm marcado as postagens sobre a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul. Segundo Marina Loureiro, coordenadora de projetos do laboratório de pesquisa da Escola de Comunicação da UFRJ, conhecido como Netlab, as narrativas difundidas pelos propagadores de fake news se concentram em cinco eixos principais.
De acordo com a pesquisadora, esses conteúdos desinformativos atrapalham os trabalhos de assistência à população afetada pelas enchentes e são utilizados por personalidades em busca de lucro, engajamento ou apoio político. A desinformação climática tornou-se um dos principais motores da tragédia, influenciando a política nacional por meio da disseminação online.
Marina destaca que a atuação desses grupos e indivíduos é multiplataforma, com conteúdos de uma rede sendo reproduzidos em outras, atingindo diferentes públicos. Os principais influenciadores se beneficiam de uma orquestração que amplifica suas mensagens para um público maior, muitas vezes por meio do pagamento de anúncios nas redes sociais.
Segundo a pesquisadora, a falta de regras para o ambiente online contribui para a disseminação de desinformação. As plataformas digitais são corresponsáveis pela falta de transparência, removendo anúncios suspeitos sem revelar os dados dos responsáveis. Além disso, empresas internacionais permitem o registro de sites anônimos que são utilizados como plataformas para fraudes.
Marina ressalta que situações semelhantes já ocorreram em outras tragédias e que é necessário um maior controle e regulamentação no ambiente online para combater a disseminação de fake news. A pesquisa realizada pelo Netlab aponta para a ampla circulação de conteúdos desinformativos relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul, o que demonstra a urgência de ações para combater a desinformação nas redes sociais.