Repórter São Paulo – SP – Brasil

Investimentos sem resiliência são um mau investimento, diz especialista em meio ao desastre climático no Rio Grande do Sul.

Em meio aos impactos do desastre climático que assola o Rio Grande do Sul, a especialista em administração pública e presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, ressalta a importância de investimentos em resiliência para enfrentar essas situações. Em entrevista à Folha, Unterstell criticou a falta de foco na adaptação climática no país, apontando que apenas uma pequena parcela do total do Novo PAC é destinada à prevenção de desastres. Ela enfatiza que é necessário um olhar mais abrangente e investimentos significativos nesse sentido.

Recentemente, o governo federal anunciou a liberação de recursos do PAC para lidar com as inundações no Sul, porém grande parte desses recursos será direcionada para a descarbonização do transporte coletivo, uma medida importante, mas que não está diretamente relacionada com a adaptação às mudanças climáticas extremas que o país enfrenta.

Unterstell foi uma das coordenadoras de um projeto elaborado por instituições de pesquisa governamentais que buscava criar cenários e alternativas de adaptação às mudanças climáticas. Infelizmente, esse projeto foi interrompido em 2015, prejudicando a capacidade do país de se preparar para essas situações.

A especialista destaca a importância da conclusão do projeto elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente para orientar as políticas futuras do país. Ela ressalta que é fundamental a elaboração do Plano Clima, que pode definir as ações e estratégias do Brasil até 2035, visando a adaptação e resiliência frente às mudanças climáticas.

Diante dos alertas meteorológicos e das ações tomadas pelo governo gaúcho em resposta às chuvas no Sul, Unterstell avalia a atuação do governo estadual e federal, apontando para a necessidade de investimentos mais significativos em resiliência climática para evitar tragédias no futuro. Ela destaca que a adaptação climática é algo fundamental e que o custo da inação é sempre maior do que o investimento preventivo. Para isso, é necessário que os governos, em todas as esferas, atuem de forma coordenada e eficiente para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

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