Repórter São Paulo – SP – Brasil

Falta de preparação para desastres climáticos reflete descaso de governos em lidar com eventos extremos no planeta

O Brasil enfrenta mais uma tragédia climática, desta vez com as tempestades que têm devastado o Rio Grande do Sul. O cenário de calamidade expõe a falta de preparação dos governos para lidar com eventos climáticos extremos, reforçando a famosa frase: “Todo filme de desastre começa com cientista sendo ignorado”.

As projeções científicas indicavam há anos um aumento das chuvas extremas e inundações na região sul do Brasil, resultado do avanço do aquecimento global. No entanto, a chegada das fortes chuvas pegou o estado despreparado para lidar com a situação, revelando a negligência em relação aos alertas da ciência.

O físico Paulo Artaxo, membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e pesquisador da USP, destaca que as mudanças climáticas não são novidade para a ciência. Modelos climáticos há mais de 20 anos alertam que com o aumento da temperatura global, haverá um aumento da intensidade de chuvas e secas, tornando o clima mais extremo.

O relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, elaborado oito anos atrás, já previa chuvas mais intensas no Sul do Brasil e secas na Amazônia. Atualmente, o planeta já aqueceu quase 1,3°C em relação ao período pré-Revolução Industrial, e as projeções indicam um aumento de 10% a 20% da chuva anual na região Sul.

A concentração de chuvas e secas extremas é influenciada pelo aumento da temperatura dos oceanos, que gera mais evaporação de água, provocando mais chuvas intensas. Além disso, uma atmosfera mais quente consegue reter mais vapor d’água, o que resulta em eventos climáticos extremos.

Diante desse cenário, especialistas alertam que sem cortes drásticos nas emissões de carbono, o quadro atual irá se agravar, com secas, ondas de calor, chuvas e nevascas mais frequentes e intensas. Portanto, é urgente que haja investimentos significativos na defesa civil e no planejamento de adaptação às mudanças climáticas, visando salvar vidas e reduzir os impactos sobre a população de baixa renda.

A frequência crescente de extremos climáticos evidencia a necessidade de ações imediatas para lidar com as consequências das mudanças climáticas, antes que seja tarde demais. A população mais vulnerável é a que mais sofre com os efeitos desses eventos, reforçando a urgência de medidas de adaptação e mitigação para garantir a segurança e o bem-estar das comunidades afetadas.

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