Cremesp suspende registro de médicas por negligência e tortura em casos de aborto previstos por lei no Hospital de SP.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) tomou uma decisão drástica ao suspender por seis meses o registro de duas médicas que atuavam no Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, localizado na zona norte da capital paulista. As profissionais foram denunciadas por práticas de negligência e tortura, em virtude de terem realizado procedimentos abortivos em pacientes com autorização judicial.

De acordo com informações obtidas pela CNN, uma das médicas punidas era responsável pela coordenação do setor de interrupção gestacional, enquanto a outra realizava a indução de assistolia fetal, um procedimento necessário após as 22 semanas de gestação. O Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha era reconhecido como referência em casos de aborto permitidos por lei, mas teve seus serviços interrompidos pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, sob a alegação de priorizar outros procedimentos ginecológicos.

A primeira denúncia contra as médicas foi analisada pelo Cremesp no início deste mês, referente a um procedimento ocorrido em 2022. Uma nova denúncia está agendada para ser avaliada pelo plenário do Cremesp nesta terça-feira (30). Em ambas as situações em análise, o aborto foi realizado em pacientes cujos fetos apresentavam má formação e não tinham expectativa de sobrevivência fora do útero. As mulheres em questão foram encaminhadas pela Defensoria Pública, com decisão judicial favorável à realização do procedimento, e as médicas possuem os documentos legais como prova.

A autoria das denúncias permanece desconhecida pelas médicas e suas equipes jurídicas. Fontes ouvidas pela CNN afirmam que as profissionais estão sendo alvo de perseguição e alegam que os prontuários das pacientes foram acessados de forma ilegal pelo Cremesp e pela Secretaria Municipal da Saúde, caracterizando um crime de violação do sigilo médico.

A CNN tentou entrar em contato com o Cremesp e com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo para obter maiores informações, mas até o momento não obteve retorno. Este caso controvertido está gerando debates e polêmicas no campo da medicina e dos direitos reprodutivos, evidenciando a complexidade e sensibilidade envolvidas na prática médica.

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