Guerrilha dissidente das Farc transforma a Amazônia em refém do desmatamento na Colômbia

Os dissidentes da extinta guerrilha Farc na Colômbia estão utilizando a floresta amazônica como uma ferramenta de pressão contra o governo ambientalista, marcando o ritmo do desmatamento para influenciar as negociações em andamento. A organização ilegal conhecida como Estado-Maior Central, composta por 3.500 membros que se separaram da antiga guerrilha, está ordenando ou impedindo a extração de madeira na região sul do país.

Alguns dos dissidentes rejeitaram o acordo de paz de 2016 e continuam controlando a floresta, usando-a agora como uma forma de chantagem. A ministra do Meio Ambiente, Susana Muhamad, denunciou um aumento significativo no desmatamento durante as negociações de paz entre o governo colombiano e o EMC, destacando um crescimento de 41% e 40% nas taxas de desmatamento nos últimos trimestres.

Segundo Muhamad, o aumento do desmatamento é resultante da pressão realizada pelos dissidentes das Farc em resposta às negociações em curso. Além disso, o clima do El Niño e a maior dissidência do grupo também contribuem para a destruição ambiental como forma de pressão armada contra o presidente Gustavo Petro.

A organização EMC divide-se em duas facções, sendo que apenas metade dos combatentes estão atualmente envolvidos nas negociações com o governo colombiano. As Farc, que antes se apresentavam como defensores do meio ambiente, estão agora promovendo o desmatamento para gerar receitas milionárias através da extração de madeira, produção de coca e operações ilegais de garimpo na Amazônia.

Este aumento do desmatamento representa um desafio para o presidente Petro, que no ano anterior havia comemorado a redução histórica da perda de floresta no país. Com a realização da COP16 da biodiversidade em outubro deste ano na Colômbia, o país enfrenta o desafio de mostrar ao mundo a sua riqueza natural diante do crescente desmatamento provocado pelas dissidências das Farc. A pressão exercida sobre a floresta amazônica coloca em xeque a capacidade do governo colombiano de proteger e preservar esse importante ecossistema diante da influência dos grupos guerrilheiros.

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