Repórter São Paulo – SP – Brasil

A democratização do Brasil: desafios à plena participação popular e combate ao racismo, 40 anos após as Diretas Já.

Há 40 anos, o Brasil vivenciou um momento histórico de insatisfação popular com o movimento das Diretas Já, que impulsionou o processo de redemocratização do país. No entanto, apesar do avanço conquistado nesse período, o pleno exercício da democracia ainda está distante e só será alcançado quando todas as formas de opressão, principalmente o racismo, forem combatidas.

Essa reflexão foi trazida à tona durante o seminário “40 anos das Diretas Já”, promovido pela Folha e pela OAB-SP, que ocorreu na última segunda-feira (29) na sede da seccional no centro da capital paulista. O debate inicial sobre a participação popular na democracia revelou que os desafios ainda são significativos, conforme destacado por Luis Felipe Miguel, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Miguel enfatizou que a luta contra a ditadura visou também a redução das desigualdades sociais, porém, a eficácia na reinstitucionalização democrática não foi acompanhada pela mesma eficiência no pagamento da dívida social. Valdecir Nascimento, historiadora e idealizadora do Odara Instituto da Mulher Negra, acrescentou que a democracia, muitas vezes, se limita a um processo eleitoral que não representa verdadeiramente a diversidade da população brasileira.

A baixa participação dos negros na política e a falta de oportunidades para a juventude foram apontadas como obstáculos para o avanço democrático. A presença de grupos dominantes que resistem às políticas públicas em prol dos direitos básicos também é uma barreira a ser superada, de acordo com Miguel.

Nelsa Nespolo, fundadora da cooperativa Justa Trama, e Christian Perrone, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), trouxeram exemplos positivos e inovadores de participação popular na política, como o orçamento participativo de Porto Alegre e a metodologia do voto quadrático.

Em meio às reflexões sobre os 40 anos das Diretas Já, fica evidente a necessidade de combater o racismo, o machismo e outras formas de opressão para avançar rumo a uma democracia verdadeiramente inclusiva e participativa, que atenda aos anseios e necessidades de toda a população brasileira.

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