Indígenas pedem proteção dos direitos em carta aos três Poderes no primeiro dia do ATL 2024, em Brasília

No primeiro dia do ATL (Acampamento Terra Livre) 2024, que teve início nesta segunda-feira (22), os movimentos indígenas do Brasil redigiram uma carta direcionada aos três Poderes, com o objetivo de solicitar medidas urgentes que garantam a proteção e o fortalecimento dos direitos dos povos originários, especialmente no que diz respeito à demarcação de territórios. Essa ação marca a maior mobilização dos povos indígenas do país, esperando reunir mais de 10 mil pessoas ao longo da programação que se estenderá até sexta-feira (26) em Brasília.

Um ponto de destaque nesse ATL é a ausência do presidente Lula, que não foi convidado para participar do evento devido à insatisfação dos povos indígenas com a condução das políticas indigenistas durante seu governo. A carta, assinada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e organizações regionais de base, ressalta as ameaças contínuas da tese do marco temporal aos territórios, culturas e direitos indígenas, agravadas pelo cenário do ano mais quente já registrado na história do país.

O documento apresentado durante a plenária principal do ATL denuncia a recente lei que, segundo os indígenas, legaliza crimes e incentiva invasores dos territórios, resultando em violência e conflitos. Além disso, a carta alerta para a atuação da “bancada do boi e da bala” que tenta retirar os direitos indígenas da Constituição, mas destaca a decisão do STF em derrubar a tese do marco temporal em setembro do ano passado, reforçando a proteção dos direitos originários.

Uma das tragédias destacadas no texto é o assassinato da pajé Nega Pataxó Hã-Hã-Hãe, ocorrido no início deste ano na Bahia, em decorrência do conflito causado pelas questões territoriais. A carta será protocolada nos três Poderes e será entregue pessoalmente aos ministros do Executivo e do STF, além dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, durante as atividades do ATL. A programação inclui uma marcha até o Congresso Nacional na terça-feira (23), com a presença das ministras Sônia Guajajara e Marina Silva, para apresentar as reivindicações dos povos indígenas de forma pública e engajar o debate sobre a proteção dos territórios indígenas no Brasil.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo