A teimosia de Maria em resistir às propostas de compra da construtora Plaenge Empreendimentos destaca sua forte ligação emocional com o local, que adquiriu em 1979. Enquanto o prédio sofre com as invasões diárias, a aposentada luta na justiça para que a construtora arque com as despesas condominiais.
A construtora, por sua vez, alega que a conservação do prédio demanda aprovação em assembleia, que foi extinta durante o processo de compras dos apartamentos. Argumenta ainda que uma edificação consideravelmente destruída pode ter sua venda aprovada em assembleia, deixando Maria em uma posição de desvantagem.
As semelhanças com a trama do filme “Aquarius” (2016), que retrata a resistência de uma mulher em vender seu apartamento para uma construtora, são evidentes. Maria, que comprou seu imóvel aos 25 anos e criou seus filhos e netos no local, mantém o sonho de envelhecer no mesmo lugar, apesar dos desafios.
Em meio a um tratamento de câncer, a aposentada expressa seu medo de não conseguir mais lutar pelos seus direitos em relação ao imóvel. Seu advogado, Bruno Meirinho, ressalta a importância de preservar o direito à moradia e à história de cada pessoa, em detrimento dos interesses financeiros das construtoras.
A batalha de Maria Juracy Aires pela preservação de seu lar é um exemplo de resistência e determinação em meio a um cenário de degradação urbana e desigualdade social. Sua história serve como um alerta para a importância de proteger não apenas os imóveis, mas também as memórias e os laços afetivos que os envolvem.