Manifestantes indígenas protestam em Manaus contra exploração de potássio na Amazônia pela empresa Brazil Potash em território do povo mura.

No Dia dos Povos Indígenas do Brasil, celebrado nesta sexta-feira (19), o centro de Manaus foi palco de um protesto promovido por entidades do movimento indígena. O ato, realizado em frente ao Teatro Amazonas, teve como uma das motivações a recente concessão de licença pelo governo estadual para a exploração de potássio na região amazônica, onde reside o povo mura.

A polêmica autorização foi concedida à empresa canadense Brazil Potash para a construção da maior mina de fertilizantes da América Latina na floresta amazônica. No entanto, procuradores federais logo contestaram a legalidade do projeto, apontando incoerências no processo.

Para Izabel Munduruku, coordenadora do Meiam (Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas) e uma das organizadoras do protesto, o governo estadual agiu em desrespeito à autonomia do povo mura ao tomar decisões sobre a exploração de recursos em território indígena sem consultar previamente as comunidades afetadas.

O ATL (Acampamento Terra Livre), maior mobilização indígena do país, também esteve presente no protesto, marcando o início das programações locais que antecedem o evento principal em Brasília. O ATL chega à sua vigésima edição este ano e reunirá representantes dos povos originários dos seis biomas brasileiros.

Em entrevista, Munduruku denunciou que o licenciamento concedido ameaça a soberania dos povos indígenas, que já são impactados pelas práticas de exploração de recursos naturais e pelo avanço do agronegócio em seus territórios. A falta de consulta prévia e a ausência de garantias previstas em convenções internacionais sobre povos indígenas foram apontadas como pontos críticos da situação.

A Folha procurou o governo do Amazonas para comentar o assunto, porém, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.

A questão do potássio na região amazônica levanta debates sobre a sustentabilidade ambiental e os direitos das comunidades tradicionais. O projeto, que promete reduzir a dependência do país em relação ao potássio importado, enfrenta resistência de grupos indígenas e órgãos ambientais que questionam a legalidade da licença concedida e a falta de consulta prévia aos afetados.

Diante das controversas decisões, o Ministério Público Federal em Manaus já se manifestou, considerando a licença irregular e prometendo adotar medidas legais cabíveis. A situação coloca em xeque a relação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, ressaltando a importância do diálogo e do respeito aos direitos das populações indígenas em decisões que impactam seus territórios e modos de vida.

Por fim, o embate em torno da exploração de potássio na Amazônia reforça a necessidade de se repensar modelos de desenvolvimento que considerem a proteção do meio ambiente e o respeito às comunidades que têm suas vidas ligadas às riquezas naturais do país. A luta dos povos indígenas por seus direitos e pela preservação de seus territórios ancestrais continua ecoando, trazendo à tona discussões essenciais para o futuro da região amazônica e do Brasil como um todo.

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