Repórter São Paulo – SP – Brasil

Em busca da morte saudável: a promessa dos médicos e a realidade da medicina preventiva

Recentemente, a revista The New Yorker publicou um interessante artigo intitulado “How to die in good health”, escrito pelo médico Dhruv Khullar. A provocativa pergunta levantada no texto despertou a atenção para a questão da morte e da saúde. Afinal, como é possível morrer de forma saudável?

A morte é, por definição, o fim da boa saúde. É o momento em que o corpo e a mente falham, em que a vida chega ao seu término. No entanto, enxergar a morte como uma falha é problemático, uma vez que inevitavelmente todos estamos fadados a esse destino. É como uma caminhada em direção à ruína, um processo natural e inescapável.

No artigo, Dhruv Khullar entrevista o renomado médico Peter Attia, conhecido por prometer longevidade e uma morte saudável. Attia atende uma clientela rica, disposta a investir fortunas em vitaminas e exames para alcançar uma velhice com qualidade de vida. Seu livro, “Outlive: The Science And Art of Longevity”, tornou-se um bestseller ao abordar temas como exercícios físicos, dieta saudável, jejum e saúde mental.

Entretanto, a abordagem de Attia também é questionada. Em seu consultório, ele solicita exames caros e muitas vezes desnecessários, como ressonâncias magnéticas completas e testes de DNA para verificar predisposição a doenças. Essas práticas levantam críticas por parte de especialistas, que apontam para os riscos e os efeitos colaterais desses procedimentos invasivos.

No entanto, a busca por uma morte saudável e uma vida longa levanta questionamentos sobre a qualidade versus a quantidade de anos vividos. A medicina avançada nos permitiu viver mais, mas até onde vale a pena investir em procedimentos e intervenções para prolongar a vida? O debate entre viver bem versus viver muito está cada vez mais presente nos consultórios médicos e na sociedade em geral.

Em última análise, a reflexão sobre como morrer com qualidade pode ser simples, como o cuidado oferecido pelos médicos paliativistas. Aceitar a finitude da vida e buscar um final digno e sem sofrimento pode ser uma maneira mais humana de encarar a morte. Afinal, o que realmente importa no final das contas é a qualidade de vida e a felicidade, independentemente da quantidade de anos vividos.

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