Repórter São Paulo – SP – Brasil

IBGE lança novo mapa-múndi com Brasil no centro, gerando polêmica e reflexão sobre representatividade geográfica no mundo contemporâneo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) surpreendeu ao lançar na semana passada um novo mapa-múndi, onde o Brasil é colocado no centro da carta. Em meio ao contexto atual de polarização política e terraplanismo, a decisão gerou bastante debate nas redes sociais, sendo considerada tanto uma “lacração geográfica” por uns, quanto um “ícone decolonial” por outros.

A ação do IBGE em posicionar o Brasil no centro do mapa não é sem precedentes. Outros países, como a Austrália, também se representam de maneira destacada em mapas de sua autoria. A questão principal levantada é que os mapas, assim como qualquer outra forma de representação, são permeados por viés e subjetividade. O ato de centralizar um país em um mapa pode refletir uma visão privilegiada do enunciador, mas não necessariamente um ato de egocentrismo puro.

É importante compreender que os mapas são retratos de um determinado momento e que, considerando a Terra como esférica e em constante movimento, posicionar um país ou continente como o centro do mundo é, de certa forma, arbitrário. No entanto, para os brasileiros, centralizar o Brasil nessa representação pode facilitar a comparação visual com outros países e proporcionar uma mudança positiva em nossos referenciais geográficos.

A iniciativa do IBGE também marca uma evolução em relação aos antigos currículos escolares, que privilegiavam a perspectiva eurocêntrica em diversos campos do conhecimento. A inserção de referências do Sul Global, como a história, arte e literatura africanas, demonstra um movimento em direção a uma educação mais inclusiva e representativa da diversidade cultural do país.

Além disso, é importante considerar outras formas de cartografia, como a dos povos indígenas, que possuem sua própria visão global dos territórios. Essas diferentes representações evidenciam a subjetividade dos mapas e a necessidade de compreender essas perspectivas para uma formação cidadã mais ampla e intercultural.

Diante do contexto atual de desinformação e polarização, compreender os mapas como discursos subjetivos é essencial para desenvolver um pensamento crítico e superar a ideia de que existem representações totalmente neutras ou imparciais. Mais do que simplesmente conhecer a localização dos países no globo, é fundamental compreender as diferentes subjetividades que permeiam esse tipo de representação.

Sair da versão mobile