Senado aprova em primeiro turno PEC das Drogas que criminaliza porte e posse de drogas, reagindo a julgamento no STF.

Na noite de terça-feira, 16 de abril, o Senado aprovou em primeiro turno a chamada PEC das Drogas, em uma decisão que gerou impacto dentro do plenário. A proposta de emenda à Constituição determina que é crime possuir ou portar qualquer quantidade de droga, mesmo que para consumo próprio. A criminalização do porte e da posse, mesmo para consumo pessoal, já está prevista na Lei de Drogas de 2006 e no Código Penal, mas não é algo estabelecido na Constituição Federal.

A intenção da PEC é incluir a regra na Constituição, tornando-a superior a uma lei, dificultando sua alteração. Isso ocorre em meio a um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que discute a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal. O movimento do Legislativo é interpretado como uma tentativa de “neutralizar” uma possível decisão do STF favorável à descriminalização.

Apesar da aprovação em primeiro turno, a PEC ainda precisa passar pelo segundo turno no Senado e pela Câmara dos Deputados antes de ser sancionada pelo presidente. A expectativa é de que a proposta seja aprovada sem grandes resistências, considerando a maioria de votos a favor no primeiro turno.

A divergência sobre a quantidade de droga que caracteriza um usuário ou traficante é um dos pontos centrais do debate. A PEC foi alterada durante sua tramitação para incluir a necessidade de diferenciação, mas sem determinar uma quantidade específica. Especialistas apontam que a aprovação da emenda pode não encerrar o debate no STF, já que a constitucionalidade da PEC pode ser questionada na Justiça.

A tensão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário evidencia uma politização da Justiça, com a discussão sobre o papel do STF na legislação. O pedido de vista do ministro Dias Toffoli sobre o julgamento da descriminalização das drogas foi interpretado como um movimento para evitar um embate direto entre os poderes. No entanto, a discussão sobre a PEC das Drogas evidencia a complexidade das relações políticas e jurídicas no Brasil.

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