Especialistas contestam essa afirmação, argumentando que o avanço da criminalidade é um fenômeno complexo e que envolve outros fatores, como o fortalecimento das milícias, que nunca foram adequadamente combatidas. Além disso, ressaltam a falta de dados concretos que comprovem as alegações feitas no documento.
O relatório foi entregue ao ministro Edson Fachin, do STF, nesta quarta-feira (10), sendo relacionado à decisão da ADPF das Favelas, que restringiu as operações policiais no Rio de Janeiro a “casos excepcionais”. No entanto, os próprios conselheiros responsáveis pela elaboração do relatório ressaltam que as considerações sobre o avanço do crime organizado não são conclusões do grupo, mas sim uma visão da Secretaria de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.
O coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria do RJ, André Castro, destaca a importância da ADPF como uma medida para reduzir a letalidade policial no estado e implementar uma política de segurança mais eficaz. No entanto, ele ressalta a falta de dados apresentados pela polícia para embasar suas alegações sobre o aumento da criminalidade.
Uma pesquisa realizada por diversas organizações, incluindo o Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense, evidencia que as milícias têm uma presença significativa no Rio de Janeiro, controlando áreas consideráveis da cidade. Contrariando a versão da polícia, os dados apontam para um crescimento das milícias e não do Comando Vermelho.
Além disso, o relatório destaca problemas estruturais nas perícias criminais realizadas no estado, apontando a necessidade de autonomia da atividade pericial e a disponibilização de informações pelas Polícias ao Ministério Público para um controle mais efetivo.
Diante disso, a discussão em torno das causas do avanço da criminalidade no Rio de Janeiro continua, com especialistas e órgãos da sociedade civil questionando as alegações apresentadas pela polícia e ressaltando a importância de políticas públicas eficazes e transparentes para combater a violência no estado.