Dinheiro do crime: empresas de ônibus usaram recursos ilícitos para vencer licitações e comprar veículos em São Paulo, diz MP

Um escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) veio à tona nesta semana, quando o Ministério Público de São Paulo denunciou duas empresas de transporte público por utilizarem recursos ilegais para vencer licitações e expandir seus negócios na cidade de São Paulo.

Segundo a denúncia elaborada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), as empresas Transwolff e UPBus, que juntas transportam cerca de 700 mil passageiros por dia na capital paulista e receberam mais de R$ 800 milhões da Prefeitura em 2023, teriam utilizado dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outros crimes para financiar suas operações.

A investigação aponta que a Transwolff, em 2015, precisava de um grande aporte financeiro para participar de uma licitação municipal exigindo um capital mínimo de R$ 25 milhões. Para cumprir esse requisito, a empresa se associou à MJS Participações Ltda, que teria recebido depósitos em dinheiro de origem não comprovada para ocultar a entrada milionária de recursos.

Além disso, a denúncia revela que a UPBus também teria aumentado seu capital social de forma suspeita, admitindo acionistas que pagaram suas entradas na empresa com veículos usados, sem valor agregado significativo.

A operação deflagrada nesta semana resultou na denúncia de 26 pessoas por crimes como organização criminosa, lavagem de capitais e extorsão. Entre os presos está Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora e dono da Transwolff. Outros acusados ligados às empresas também foram detidos.

A Receita Federal identificou diversas irregularidades nos negócios das empresas, como a falta de atividades operacionais da MJS Participações, cheques suspeitos utilizados para a compra de ônibus e transações financeiras incompatíveis com a renda dos envolvidos.

A investigação ainda aponta ligação de acionistas das empresas com membros do PCC, facção criminosa que teria indicado cooperados para a Transwolff. O esquema de corrupção envolvendo empresas de ônibus e o PCC demonstra a complexidade da corrupção no sistema de transporte público da capital paulista. As empresas envolvidas foram procuradas pela imprensa, mas não se manifestaram sobre as acusações.

Este caso evidencia a necessidade de uma investigação aprofundada para combater a corrupção e a influência do crime organizado no setor de transporte público, garantindo a transparência e a legalidade nas licitações e operações das empresas que prestam serviço à população.

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