Máquinas ao Chão: Fotógrafos desafiam presidentes ditatoriais e entram para a história da resistência jornalística

No dia 24 de janeiro de 1984, um ato de coragem marcou a história da cobertura política no Brasil durante a ditadura militar. Os fotógrafos que trabalhavam no Palácio do Planalto se recusaram a fotografar o presidente João Figueiredo, em uma manifestação de descontentamento com o tratamento dispensado a eles. Esse episódio ficou conhecido como “Máquinas ao chão” e é lembrado como um dos momentos de resistência da imprensa contra o regime autoritário que governava o país.

O repórter fotográfico Sérgio Marques, que estava presente na ocasião, relembra que os profissionais de imagem enfrentavam constantes atritos com o presidente Figueiredo. Em um incidente anterior, o presidente recusou-se a sorrir para as fotos durante a visita do deputado Paulo Maluf, gerando descontentamento entre os fotógrafos. Outra situação que elevou a tensão foi quando Figueiredo, com o braço engessado devido a um acidente de cavalo, colocou um paletó e foi fotografado coçando o rosto, o que foi interpretado como um ato de desafio pelos profissionais.

A gota d’água ocorreu quando os fotógrafos foram impedidos de acessar o gabinete presidencial para registrar reuniões, o que levou à decisão de colocar as câmeras no chão no dia da descida do presidente pela rampa do Palácio do Planalto. Após esse ato de protesto, os fotógrafos foram chamados novamente para eventos no palácio, demonstrando que a ação teve repercussões positivas.

O documentário “A Culpa é da Foto”, lançado em 2015, registrou esse episódio como um marco na luta dos jornalistas brasileiros pela liberdade de imprensa. O diretor do filme, Joédson Alves, destacou a importância desse acontecimento como um símbolo de resistência e coragem contra a opressão do regime ditatorial. Para Alves, esse episódio deve ser lembrado e valorizado como um exemplo de bravura dos profissionais da comunicação.

Os fotógrafos envolvidos nesse ato de protesto foram reconhecidos pela coragem de desafiarem as restrições impostas pelo regime e defenderem a liberdade de imprensa. Mesmo diante das dificuldades e pressões, esses profissionais mantiveram sua integridade e princípios éticos, deixando um legado de resistência para as gerações futuras de jornalistas.

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