Serviços sociais para moradores de rua em São Paulo falham no atendimento a perfis complexos, aponta relatório da Fipe.

Um relatório elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) apontou falhas nos serviços sociais voltados aos moradores de rua em São Paulo, principalmente no atendimento de perfis mais complexos, como pessoas com transtornos mentais e histórico de uso abusivo de álcool e drogas. Este grupo, considerado o mais resistente ao acolhimento e o mais comum nas ruas, enfrenta dificuldades na rede assistencial devido a um modelo de contratação que prioriza o atendimento padronizado em detrimento da customização.

O secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Edsom Ortega, afirmou que pessoas com histórico de violência e consumo de drogas e álcool são marcadas em uma lista de restritos e deixam de ser atendidas nos equipamentos disponíveis. Ele ressaltou a necessidade de criar uma nova forma de lidar com esse público, indicando a importância de melhorar as condições das entidades contratadas para lidar com perfis mais complexos.

O projeto-piloto proposto pela prefeitura não prevê a criação de novos serviços, mas sim a implementação de mecanismos dentro da rede assistencial para lidar com pessoas que fogem do perfil comum de acolhidos. O objetivo é melhorar o atendimento a essa população complexa, que tem sido uma questão sensível na cidade de São Paulo, especialmente na região da cracolândia, onde a presença de moradores de rua é mais intensa.

O relatório da FIPE também apontou a falta de metas em relação à chamada “saída qualificada”, quando os beneficiários dos serviços recuperam a autonomia e deixam as ruas ou os centros de acolhimento. Além disso, os repasses às entidades contratadas deveriam estar atrelados a uma taxa de sucesso anual, incentivando o aumento da capacidade dessas pessoas de gerar renda e manter seu sustento.

Em termos de custos, a gestão municipal gastou em média R$ 16.428,17 por vaga ou unidade de atendimento a moradores de rua em 2023, totalizando um custo de R$ 656,2 milhões dividido em 35 serviços e programas. O relatório sugeriu a inclusão de novos indicadores na avaliação dos serviços prestados, como aumento da renda, restabelecimento de vínculos familiares e redução do uso de drogas e álcool, visando a melhoria do atendimento a essa população vulnerável em São Paulo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo