Repórter São Paulo – SP – Brasil

Transferência de tenente da Rota para bairro tranquilo gera polêmica entre PMs e levanta suspeitas de favorecimento político.

Na última semana, uma mudança no comando da Polícia Militar de São Paulo causou polêmica entre os integrantes da corporação. Durante a Operação Escudo, um tenente da Rota, unidade especializada no combate ao crime na Baixada Santista, foi transferido para o tranquilo bairro da Lapa, na zona oeste da capital.

O motivo da controvérsia não foi a transferência em si, mas o oficial beneficiado: o tenente Raphael Mecca Sampaio, que é filho do deputado estadual Major Mecca, um dos líderes da Bancada da Bala e aliado do deputado federal licenciado Guilherme Derrite. De acordo com fontes internas da corporação, a movimentação teria sido uma determinação do secretário da Segurança, atendendo a um pedido de Mecca que estava preocupado com os rumos perigosos da Operação Escudo.

O deputado manifestou receio de que seu filho se envolvesse em ocorrências com morte de suspeitos, o que poderia prejudicar sua carreira por meio de um Inquérito Policial Militar. A ordem teria sido repassada ao comandante do Choque, coronel José Augusto Coutinho, que executou a transferência.

Coutinho, promovido recentemente ao posto de subcomandante-geral da PM e possível futuro comandante-geral devido à sua proximidade com Derrite, foi o responsável por relocar o tenente Sampaio. Tanto Mecca quanto a Secretaria da Segurança afirmaram que as movimentações de pessoal na PM são técnicas e que o tenente continua atuando na linha de frente no 4° BPM/M.

A transferência do tenente Mecca gerou indignação entre os policiais, especialmente os do Choque, pois ficou subentendido que o deputado apoiava a operação apenas se o filho estivesse protegido. A operação Escudo, que registrou 28 mortes em sua primeira fase, deu lugar à Operação Verão após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo. Nessa nova fase, ocorreram mais 56 óbitos, o que resultou em críticas à atuação policial e até uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O governo, por sua vez, alega que as movimentações na PM são rotineiras e planejadas com critérios técnicos. As forças de segurança têm promovido operações para ampliar a segurança da população, conforme a Secretaria da Segurança. O coronel Cássio, comandante-geral da PM, acompanhou de perto as ações da Operação Verão em Santos, como parte de suas atribuições.

A transferência do tenente Mecca Sampaio levanta questões sobre a influência política na gestão da Polícia Militar e a necessidade de transparência nas movimentações de pessoal, especialmente em operações sensíveis como a Escudo. A população e os próprios policiais esperam que a segurança pública seja priorizada acima de interesses pessoais e políticos.

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