Desigualdade persiste: negros no Brasil têm menor acesso ao ensino superior e mais anos de analfabetismo, aponta pesquisa.

A desigualdade racial no cenário educacional brasileiro continua sendo um desafio a ser enfrentado, de acordo com os dados divulgados em uma publicação especial sobre educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Nesta sexta-feira (22), foram destacados números que revelam a disparidade no acesso ao ensino, anos de estudo e taxas de analfabetismo entre negros e brancos no país.

Um dos principais pontos observados é a média de anos de estudo, que mostra que enquanto os brancos tinham em média 10,8 anos em 2023, os negros contavam com 9,2 anos, representando uma diferença de 1,6 anos a menos. A desigualdade começa a se manifestar já no ensino fundamental, onde o percentual de negros em idade adequada à série escolar era superior ao de brancos, porém, a situação se inverte no ensino médio.

A partir dos 15 anos, o abandono escolar se torna mais evidente, possivelmente devido à necessidade de trabalhar. A pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, destaca que muitos adolescentes negros param de estudar nessa fase. Apenas 48,3% dos negros acima de 25 anos haviam concluído o ensino médio em 2023, em comparação com 61,8% dos brancos.

A desigualdade se intensifica no acesso ao ensino superior, com a taxa de negros cursando uma graduação ou já concluída sendo de 19,3%, enquanto os brancos atingiam 36%. O atraso escolar também afetava mais os negros, com 10,1% enfrentando essa questão. Além disso, a taxa de analfabetismo entre os negros era de 7,1% em 2023, mais do que o dobro da observada na população branca, 3,2%.

Os dados da Pnad Contínua reforçam a importância de políticas públicas e ações afirmativas que visem reduzir as discrepâncias na educação brasileira e promover a equidade de oportunidades para todos os cidadãos, independente da cor da pele. Ainda há muito a ser feito para que a educação no Brasil seja verdadeiramente inclusiva e igualitária.

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