Barbara Ferrito, em seu relato para a Gênero e Número, compartilha suas experiências como uma mulher negra, destacando a constante pressão pela tentativa de compensar sua raça, como se fosse um demérito. Desde a infância, sentiu a necessidade de ser a melhor, a mais amigável, como forma de compensar sua identidade racial. Mesmo ao longo da vida adulta, percebe suas estratégias de compensação se tornando mais refinadas, mas ainda presentes.
Durante uma audiência em uma Vara do Trabalho, Barbara Ferrito relata a dificuldade de alguns advogados em reconhecê-la como juíza, evidenciando questões de pertencimento e violência naturalizadas. Ela aborda a questão da imagem no Judiciário, destacando a importância de reconhecer os atalhos mentais que influenciam nossa percepção.
A juíza ressalta o impacto da histórica única atribuída aos negros, retratando uma história de servidão e violência que ainda persiste nos dias atuais. Ela destaca a necessidade de mudar essa imagem, não apenas como um compromisso democrático, mas como uma forma de combater a violência e o não pertencimento das mulheres negras na sociedade.
Barbara Ferrito finaliza seu relato dedicando-o a todas as mulheres que enfrentam a existência esvaziada, presas a estereótipos e preconceitos. Ela enaltece a coragem daqueles que, mesmo diante das adversidades, encontram forças para simplesmente existir em toda sua complexidade. Como doutoranda em Direito, mestre e graduada, a juíza demonstra seu orgulho e agradecimento pela inspiração que essas mulheres representam.
Este relato, embora uma coluna de opinião, traz à tona reflexões importantes sobre a luta pela eliminação da discriminação racial e a necessidade de promover uma imagem mais inclusiva e respeitosa no Judiciário e na sociedade como um todo.