O livro, delicadamente bordado, entrelaça a experiência da autora como mãe de um homem trans com relatos de outras mães que passaram pela mesma situação. A obra, concebida a partir de um diário, registra os altos e baixos, os medos e as celebrações, os desafios e conquistas do processo materno frente à transição de gênero, tudo costurado pela escrita poética de Adélia.
Em 2014, quando seu filho Bernardo iniciou a transição, Adélia encontrou no diário um refúgio. Guardando não apenas os registros escritos, mas também peças de roupas carregadas de memória afetiva, a autora sentiu a necessidade de ressignificar as vestimentas, através do bordado, e compartilhar sua experiência e a de outras mães, originando o projeto “Manto da Transição”.
As narrativas maternas presentes no livro foram escritas a partir de entrevistas, conversas transmitidas pelo Instagram e extensa pesquisa. Elas estão presentes na primeira parte do livro, denominada “Caderno Reinaldo”, fazendo referência ao nome masculino adotado pelo personagem Diadorim, de “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Já a segunda parte reúne as vestimentas bordadas e a descrição do processo, intitulada de “Caderno Orlando”, em alusão à obra de Virginia Woolf.
Além disso, é notável a influência de artistas visuais no conceito dos bordados, como Arthur Bispo do Rosário, Leonilson, Zuzu Angel e Louise Bourgeois, que conferem ao projeto “Manto da Transição” inspiração estética, histórica e política.
O lançamento do livro em Mauá promete ser um evento marcante, trazendo visibilidade à questão da transição de gênero e às experiências maternas nesse processo tão delicado. Esta obra promete sensibilizar e causar reflexões profundas em todos que tiverem contato com ela.