Repórter São Paulo – SP – Brasil

Amigos de uma vida se tornam conservadores aos 40 anos: o dilema da conformidade e da rebeldia.

Recentemente, tenho observado um fenômeno intrigante entre meus amigos mais próximos. Ao longo de décadas, com cuidado e precisão, escolhi cada um deles, distinguindo-os de um mundo repleto de cópias tediosas de almas autênticas. No entanto, para minha surpresa, muitos deles se tornaram conservadores inflexíveis, tornando as nossas conversas cada vez mais desagradáveis. Sinto-me isolada nesse novo cenário e, se alguém quiser me levar para almoçar, estou disposta a fornecer meu endereço.

Esses amigos, que antes compartilhavam momentos de loucura e intensidade, agora parecem mais preocupados em construir uma imagem de estabilidade e conformidade. Mesmo que não expressem diretamente, consigo ler em seus olhares a mensagem subliminar de que é necessário priorizar a família e seguir um caminho predefinido. Enquanto alguns demonstram uma falsa serenidade, posando de adultos responsáveis, eu continuo lutando contra a conformidade e a mediocridade, buscando a autenticidade em um mundo cada vez mais padronizado.

À medida que envelhecemos, percebo que meus amigos estão se transformando em versões mais polidas e domesticadas de si mesmos. Suas palavras e atitudes refletem um padrão de comportamento que parece cada vez mais distante da rebeldia e da ousadia da juventude. Em contrapartida, eu persisto em manter viva a chama da individualidade e da espontaneidade, resistindo à pressão para me adequar a um modelo pré-estabelecido de vida adulta.

Muitos desses amigos, que um dia compartilharam comigo experiências intensas e emocionantes, agora me aconselham a buscar ajuda psiquiátrica, sugerindo que eu me medique para lidar com minhas inquietações. Parece que, ao atingirem uma certa idade e estabilidade na vida, perderam a capacidade de compreender a complexidade e a ambiguidade do ser humano, preferindo seguir um roteiro predefinido de comportamento.

Aos 35 anos, a sensação de liberdade e possibilidades que permeava nossas vidas deu lugar à pressão por se encaixar em um molde pré-estabelecido pela sociedade. A cobrança por conformidade e seriedade parece ser a regra para muitos, enquanto eu continuo questionando se é possível manter a autenticidade e a individualidade em um mundo que prefere a uniformidade e a previsibilidade.

Em suma, enquanto meus amigos se entregam ao conforto da rotina e da estabilidade, eu persisto em minha busca por autenticidade e liberdade, recusando-me a me conformar com um modelo de vida que não me representa. E, diante das pressões e expectativas sociais, sigo me questionando: será que vale a pena sacrificar a essência de quem somos em nome de uma falsa segurança e estabilidade? A resposta, para mim, continua incerta.

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