Repórter São Paulo – SP – Brasil

Estudo aponta que 68,3% das mulheres assassinadas com armas de fogo no Brasil são negras, revela pesquisa do Instituto Sou da Paz.

Segundo a pesquisa “O Papel da Arma de Fogo na Violência Contra a Mulher” realizada pelo Instituto Sou da Paz, no Brasil, 68,3% das mulheres assassinadas com armas de fogo são negras. O estudo teve como base os registros de mortes violentas do Ministério da Saúde de 2022, bem como uma série histórica que remonta até 2012.

De acordo com os dados levantados, em média ocorrem 2,2 mil mortes de mulheres por arma de fogo a cada ano, representando cerca da metade dos assassinatos femininos no país. No ano de 2022, 60% das vítimas do total de 1,9 mil homicídios eram mulheres com idades entre 20 e 39 anos.

Uma informação alarmante apresentada pela pesquisa é que em 27% dos casos as mulheres foram mortas dentro de suas próprias residências. Já entre as mulheres não negras esse índice é de 34%, enquanto apenas 12% dos homens mortos por disparos de arma de fogo foram assassinados em suas casas.

A pesquisa também aponta que em 25% dos casos em que a vítima sobrevive à agressão, há suspeita de que o agressor estava embriagado. Este percentual sobe para 35% quando o crime ocorre dentro da residência. Em contrapartida, em 45% das notificações não há informação sobre o consumo de álcool pelo agressor, o que pode indicar uma subnotificação ainda maior.

O estudo conclui que as armas de fogo são um fator de risco para a violência, especialmente a homicida, e elevam o risco de morte em casos de violência doméstica ou relacionada a relações afetivas. Além disso, ressalta que 43% das mulheres assassinadas por armas de fogo em 2022 foram mortas por pessoas próximas, como parceiros íntimos, amigos ou familiares, sendo que em um terço dos casos a vítima já havia sofrido outros episódios de violência.

Diante desses dados preocupantes, a pesquisa destaca a importância de atenção às vítimas que sobrevivem às agressões, devido à tendência de repetição da violência. Para tentar reduzir os assassinatos de mulheres, foi instituído por lei em 2021 o Formulário Nacional de Avaliação de Risco de Violência Doméstica e contra a Mulher, que visa identificar fatores de risco e subsidiar decisões judiciais para a proteção das vítimas. Em casos em que há ameaça anterior com armas de fogo ou acesso do agressor a esse tipo de armamento, a classificação de risco deve ser a mais alta.

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