De acordo com os dados levantados, em média ocorrem 2,2 mil mortes de mulheres por arma de fogo a cada ano, representando cerca da metade dos assassinatos femininos no país. No ano de 2022, 60% das vítimas do total de 1,9 mil homicídios eram mulheres com idades entre 20 e 39 anos.
Uma informação alarmante apresentada pela pesquisa é que em 27% dos casos as mulheres foram mortas dentro de suas próprias residências. Já entre as mulheres não negras esse índice é de 34%, enquanto apenas 12% dos homens mortos por disparos de arma de fogo foram assassinados em suas casas.
A pesquisa também aponta que em 25% dos casos em que a vítima sobrevive à agressão, há suspeita de que o agressor estava embriagado. Este percentual sobe para 35% quando o crime ocorre dentro da residência. Em contrapartida, em 45% das notificações não há informação sobre o consumo de álcool pelo agressor, o que pode indicar uma subnotificação ainda maior.
O estudo conclui que as armas de fogo são um fator de risco para a violência, especialmente a homicida, e elevam o risco de morte em casos de violência doméstica ou relacionada a relações afetivas. Além disso, ressalta que 43% das mulheres assassinadas por armas de fogo em 2022 foram mortas por pessoas próximas, como parceiros íntimos, amigos ou familiares, sendo que em um terço dos casos a vítima já havia sofrido outros episódios de violência.
Diante desses dados preocupantes, a pesquisa destaca a importância de atenção às vítimas que sobrevivem às agressões, devido à tendência de repetição da violência. Para tentar reduzir os assassinatos de mulheres, foi instituído por lei em 2021 o Formulário Nacional de Avaliação de Risco de Violência Doméstica e contra a Mulher, que visa identificar fatores de risco e subsidiar decisões judiciais para a proteção das vítimas. Em casos em que há ameaça anterior com armas de fogo ou acesso do agressor a esse tipo de armamento, a classificação de risco deve ser a mais alta.