O estudo, publicado no periódico especializado Anais da Academia Brasileira de Ciências, investigou os brasões de 5.197 municípios brasileiros, representando 93,3% do total. A ideia para a pesquisa surgiu do interesse de Bogoni em compreender o simbolismo presente nos brasões municipais e como ele reflete a relação histórica dos municípios com o ambiente natural. A análise levou em consideração o bioma em que os municípios estão localizados e o contexto histórico em que foram criados.
Os resultados revelaram que os brasões municipais são, em sua maioria, caracterizados por elementos relacionados à agricultura, extração de recursos naturais e criação de gado, representando 48,6%, 30,5% e 30,5% dos símbolos, respectivamente. Por outro lado, a fauna nativa brasileira foi pouco representada nos brasões, com vertebrados representando apenas 5,3% dos símbolos.
Além disso, o estudo apontou que muitos brasões retratam espécies extintas em seus territórios, bem como culturas não europeias que já não existiam mais quando os símbolos foram oficializados. Os pesquisadores ressaltaram a falta de celebração da biodiversidade brasileira nos brasões municipais, destacando uma preferência pela representação de conquista de fronteiras e recursos naturais.
Em suma, a análise dos brasões municipais sugere uma narrativa histórica da relação dos brasileiros com o meio ambiente, revelando a predominância de uma simbologia marcada por atividades predatórias e uma valorização limitada da biodiversidade e das culturas locais. Este estudo lança luz sobre a importância de repensar a representação simbólica dos municípios brasileiros e promover uma maior valorização da natureza e da cultura nativa em seus símbolos oficiais.