Diante desse cenário preocupante, o governo venezuelano tomou uma medida controversa: planeja salvar o pedaço de gelo remanescente com o uso de mantas geotêxteis, uma técnica já aplicada em outros países para proteger pistas de esqui. O governador de Mérida, Jehyson Guzman, enfatizou a importância desse plano para tentar “salvar as geleiras de Mérida”.
No entanto, especialistas da Universidade de Los Andes (ULA) questionam a eficácia desse projeto. Segundo eles, a geleira em La Corona não existe mais, pois seu tamanho não atende aos padrões internacionais para ser considerada como tal. O professor Centeno classificou a proteção desse pedaço de gelo como “ilusória” e “absurda”, destacando a falta de estudos de impacto ambiental e a ausência de consulta pública.
Além disso, cientistas alertam para o possível impacto negativo da degradação das mantas geotêxteis, que podem liberar microplásticos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. Enrique La Marca, herpetólogo e ecologista tropical, expressou preocupação com o bloqueio do processo biológico natural que ocorre na região.
Diante desse contexto, o futuro da única geleira remanescente da Venezuela é incerto. Enquanto alguns especialistas estimam que o gelo pode resistir por alguns anos, outros acreditam que seu desaparecimento é iminente. Além disso, a extinção da geleira afetará o turismo de montanha na região, uma vez que muitos turistas escalavam o pico Humboldt através dessa geleira.
A história dessa última geleira da Venezuela é um reflexo alarmante dos impactos da mudança climática em todo o mundo e da urgência de ações concretas para preservar o meio ambiente. É fundamental que decisões governamentais levem em consideração os pareceres de especialistas e os potenciais impactos ambientais das medidas propostas.