Céu destacou a importância desse reconhecimento, afirmando que ele representa não apenas a sua representatividade, mas também abre caminho para a criação de políticas públicas voltadas para a população intersexo. Ela ressaltou que a intersexualidade é algo biológico e que o reconhecimento do Estado nesse sentido pode contribuir significativamente para a inclusão e visibilidade desse grupo.
De acordo com dados da ONU, entre 0,05% e 1,7% da população mundial nasce com características intersexuais, que não se encaixam nos padrões médicos e sociais de corpos femininos ou masculinos. Céu, por exemplo, nasceu com hiperplasia adrenal congênita, uma condição genética que afeta a produção de cortisol e influencia o desenvolvimento sexual e a formação da genitália externa.
Ao longo de sua vida, a fotógrafa passou por diversas cirurgias para reconstituir os órgãos que foram mutilados em intervenções feitas quando ela era criança. Essas cirurgias, segundo a Associação Brasileira de Intersexos (Abrai), são consideradas como mutilação e visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes intersexuais. Céu também decidiu mudar de nome, buscando uma identidade que refletisse melhor quem ela é e se sentisse mais confortável.
A presidente da Abrai, Thaís Emilia, ressaltou que a retificação obtida por Céu é fundamental para divulgar a condição biológica das pessoas intersexo e para a criação de políticas públicas voltadas para esse grupo. No entanto, ela também apontou questões práticas a serem solucionadas, como a dificuldade de emissão de documentos como CPF e a inscrição em planos de saúde, devido à falta de definição do sexo na certidão de nascimento.
Em suma, a história de Céu Ramos de Albuquerque representa um marco importante para a comunidade intersexo no Brasil, evidenciando a necessidade de reconhecimento e inclusão dessa população, assim como a importância da criação de políticas públicas específicas para atender às suas demandas e garantir seus direitos.