Presidente argentino fecha agência de notícias pública e jornalistas protestam em Buenos Aires contra a decisão autoritária.

Na última sexta-feira (1º), o presidente argentino Javier Milei chocou o país ao anunciar o fechamento da agência pública de notícias, a Télam. Desde então, o site da agência ficou fora do ar e uma mensagem de “página em reconstrução” é exibida para quem tenta acessar a página. Além disso, os funcionários do portal receberam um comunicado do interventor do órgão, Diego Chaher, informando que estavam dispensados do trabalho por uma semana. O prédio que abriga a agência foi cercado por grades, inviabilizando o acesso ao local.

Essa ação gerou indignação entre organizações que representam os jornalistas argentinos, que planejam um protesto em frente à sede da Télam em Buenos Aires nesta segunda-feira (4). Segundo Carla Gaudensi, secretária-geral da Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren), o fechamento da agência é uma clara violação da liberdade de expressão e dos direitos dos trabalhadores, uma vez que a Télam desempenha um papel fundamental na disseminação de informações em todo o país.

O presidente Milei justificou a decisão de fechar a Télam alegando que a agência vinha sendo utilizada como um veículo de propaganda kirchnerista. Esta medida faz parte de uma série de intervenções do governo em meios de comunicação públicos argentinos, sinalizando um possível processo de privatização ou extinção desses veículos, conforme prometido durante a campanha eleitoral.

A questão do fechamento da Télam levanta dúvidas sobre a legalidade da ação, uma vez que ainda não está claro se o governo tem autoridade para fechar a agência sem aprovação do Legislativo. O professor Guillermo Mastrini, da Universidade de Quilmes, acredita que a decisão do governo poderá ser contestada judicialmente, devido às mudanças nas capacidades de intervenção do Executivo em empresas públicas.

Fundada há 78 anos com o objetivo de difundir informações em toda a Argentina, a Télam é a única agência de notícias do país com correspondentes em todas as províncias. Ao longo de sua história, a agência enfrentou diversas ameaças de fechamento, demonstrando a importância de sua presença no cenário jornalístico argentino. A Télam foi criada para quebrar o monopólio de agências de notícias estrangeiras que dominavam o mercado, evidenciando a relevância de sua atuação na democratização da informação no país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo