SÃO PAULO – Estudo aponta estratégias de restauração do solo no semiárido brasileiro para aumento da produtividade agropecuária sustentável.

Restauração de áreas degradadas no semiárido brasileiro apresenta resultados promissores, aponta pesquisa

Um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e das Federais do Piauí (UFPI), do Ceará (UFC) e do Agreste de Pernambuco (Ufape) publicou um estudo no Journal of Environmental Management revelando resultados animadores sobre estratégias de restauração de áreas degradadas no semiárido brasileiro, especificamente na região da Caatinga. A pesquisa foi conduzida a partir de uma revisão de 18 estudos realizados na região.

De acordo com os pesquisadores, técnicas como a restrição do acesso de gado a determinadas áreas de pasto, o cultivo de espécies para cobertura vegetal e o uso do terracing, um método que modifica a topografia em encostas para controlar a erosão, têm contribuído significativamente para a recuperação das propriedades microbianas do solo. Essa melhoria do solo não apenas mantém a biodiversidade, mas também aumenta a produtividade, favorecendo assim a produção agropecuária sustentável.

O Brasil, com 16% de seu território suscetível à desertificação, conta com mais de 1.400 municípios distribuídos pelos nove estados do Nordeste, afetando cerca de 35 milhões de brasileiros. A Caatinga, bioma com grande biodiversidade, abriga diversas espécies de aves, peixes, mamíferos e plantas, sendo os agricultores familiares os mais vulneráveis às mudanças climáticas nesse ambiente.

Estudos do Climate Policy Initiative da PUC-Rio indicam que eventos climáticos como a seca têm impacto significativo na produtividade agropecuária na região da Caatinga. O aumento da seca resulta em perdas consideráveis na produção de feijão e milho, além de afetar a produtividade na pecuária. Esse cenário ressalta a importância das técnicas de restauração do solo para garantir a sustentabilidade da agropecuária na região.

Os pesquisadores enfatizam a relevância do microbioma do solo na recuperação de áreas degradadas, ressaltando que entender como as técnicas de restauração impactam o solo é fundamental para melhorar a agricultura e reduzir o uso de insumos artificiais. O professor Lucas William Mendes, da Cena-USP, destaca a importância de compreender o microbioma para promover a recuperação do solo e a melhoria da produção agrícola.

Nesse contexto, a investigação realizada pelos pesquisadores sugere que a restauração das propriedades microbianas do solo é um processo complexo e demorado, demandando compromisso e monitoramento de longo prazo. Por isso, estudos nessa área são essenciais para orientar políticas públicas e promover o desenvolvimento sustentável na região da Caatinga.

Diante disso, o Brasil tem sido protagonista ao liderar discussões sobre produção agropecuária sustentável no G20, reunindo as maiores economias do mundo. O foco no desenvolvimento de técnicas de restauração e conservação dos ecossistemas tem sido uma pauta importante, visando mitigar os impactos da desertificação e promover a recuperação da diversidade microbiana no solo na região da Caatinga.

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