Investigação da PF revela envolvimento de grandes multinacionais em esquema de extração ilegal de minério na Terra Indígena Yanomami

Recentemente, uma investigação da Polícia Federal contra garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami revelou que algumas das maiores empresas do mundo, como Amazon e Disney, têm entre seus fornecedores uma mineradora suspeita de envolvimento em atividades ilegais. A White Solder Metalurgia e Mineração, uma grande produtora de estanho em escala mundial, foi alvo da Operação Forja de Hefesto em dezembro de 2023. Essa empresa, que atua em toda a cadeia produtiva do estanho, foi apontada como destino de R$ 166 milhões em cassiterita adquirida da Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil, intermediária de uma organização criminosa de extração ilegal de minério na TI Yanomami.

Um levantamento feito pela mídia mostrou que a White Solder é fornecedora de diversas empresas multinacionais, como Amazon, Disney e Starbucks. Segundo as investigações da PF, a empresa comprava o mineral e exportava, sendo adquirido por grandes multinacionais, inclusive por “big techs”. Apesar das tentativas de contato com os envolvidos, incluindo a cooperativa e a empresa mineradora, ambos se mostraram relutantes em prestar esclarecimentos sobre o caso.

A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens no valor de R$ 108 milhões da White Solder e de mais R$ 23 milhões da cooperativa, além de suspender as atividades econômicas da última. A investigação revelou que a Coopertin, a cooperativa intermediária, realizou transações com Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, um empresário e político bolsonarista que lidera o movimento de garimpeiros em Roraima. Cataratas, que já foi preso por suspeita de compra de votos durante as eleições de 2022 e indiciado por crime ambiental, teria recebido recursos da cooperativa e de intermediários da organização criminosa.

Essas revelações levantam questionamentos sobre a cadeia de suprimentos dessas grandes empresas e a necessidade de investigações mais profundas para evitar o financiamento de atividades ilegais e prejudiciais ao meio ambiente e às comunidades indígenas.

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