Obras emergenciais sem licitação em São Paulo geram suspeitas de superfaturamento e impactam moradores da zona leste: caso do córrego Rio Verde.

Durante o período de março de 2022 a setembro de 2023, a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo contratou oito obras de concretagem das margens do córrego Rio Verde, localizado na zona leste da cidade. Dessas oito obras, três foram realizadas em um raio de 620 metros da residência de Eliseu Alcântara, de 45 anos, causando transtornos à população local.

As obras de concretagem tiveram um impacto direto na largura do rio, levando a vários problemas, como o aumento de enchentes na região. Alcântara relata ter sofrido prejuízos de R$ 6.000 devido às inundações causadas pelo estreitamento do rio.

O total de R$ 2,2 bilhões foi destinado a 140 obras emergenciais de contenção de margens de córregos durante a gestão do prefeito Ricardo Nunes. Isso representa 65% de todo o investimento da prefeitura em obras de combate a enchentes, incluindo a construção de piscinões licitados no mesmo período.

No entanto, as ações estratégicas estabelecidas pela prefeitura para resolver o problema das enchentes receberam menos atenção, com apenas três das 93 obras previstas no Plano Diretor de Drenagem entregues até o final de 2023.

A situação se agrava com relatos de moradores de outras regiões da cidade, como os residentes da rua Botuverá, na zona sul, que passaram a enfrentar enchentes após a realização de obras emergenciais no córrego Água Espraiada. O estreitamento do rio, causado pelas intervenções, levou a inundações e transtornos para a população local.

A concentração dos gastos em obras emergenciais de contenção de margens em um pequeno grupo de construtoras também levanta suspeitas de superfaturamento e falta de planejamento. Uma auditoria do Tribunal de Contas do Município apontou indícios de superfaturamento em algumas dessas intervenções.

É fundamental que a administração pública reveja suas estratégias e prioridades, garantindo que os recursos sejam direcionados de forma eficaz para resolver os problemas estruturais que contribuem para as enchentes na cidade. A transparência e a prestação de contas são essenciais para garantir a integridade e eficiência na execução de obras públicas.

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