Durante o protesto, vimos integrantes do governo Lula ironizando e o próprio presidente se classificando como “grande”. Essa postura debochada contrasta com a seriedade do momento político que vivemos. Por mais que seja tentador fazer piadas sobre os participantes, é importante reconhecer a gravidade do cenário atual.
É preocupante notar o nível de dissonância cognitiva entre alguns manifestantes, que acreditam estar lutando pela democracia ao mesmo tempo em que defendem ideias autoritárias. Além disso, é importante não subestimar a diversidade de perfis que compõem o eleitorado de Bolsonaro, que vai além das elites e inclui pessoas de diferentes origens e realidades socioeconômicas.
A esquerda, por sua vez, parece estar enfrentando um momento de desorientação. Após vencer uma eleição difícil, ainda não conseguiu se consolidar como uma força coesa e eficaz. O filósofo Vladimir Saflate chega a questionar se a esquerda ainda existe como tal. Enquanto isso, o Brasil permanece em um cenário de conservadorismo, em que figuras caricatas e polarizadas ainda conseguem conquistar espaços de poder.
O desafio para os próximos anos será construir um diálogo mais construtivo e respeitoso entre as diferentes correntes políticas, superando o sectarismo e a intolerância. A verdadeira disputa política não se dará apenas nas eleições, mas também na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Afinal, como vimos em 2018, o cenário político brasileiro é imprevisível e repleto de surpresas.