O debate sobre a restrição das saidinhas temporárias revelou a dificuldade da base do governo em lidar com propostas ligadas ao combate à criminalidade que historicamente são mais associadas à direita. A possibilidade de outros temas semelhantes entrarem em pauta este ano preocupa o Palácio do Planalto, que deseja focar apenas em propostas econômicas.
Projetos como o aumento de pena para roubo de celular, restrições à progressão de pena e o endurecimento do Código de Processo Penal estão em destaque. O governo tenta evitar derrotas consecutivas, já que temas de segurança pública podem gerar divisões na base aliada.
Na votação do projeto no Senado, apenas dois senadores votaram contra, evidenciando a falta de unidade na base do governo. A pressão sobre o presidente Lula para vetar a proposta é grande, mas a articulação política do governo indica que é melhor não derrubar a medida.
Outros projetos relacionados à segurança pública, como o aumento de penas para diferentes tipos de crime, estão em andamento no Congresso. A influência dos partidos mais à direita é evidente, com as propostas tendo amplo apoio popular.
A pesquisa Datafolha revelou que a maioria dos brasileiros se sente insegura ao andar pelas ruas, o que reforça o apoio da população a medidas mais rígidas na área de segurança. Por outro lado, parlamentares progressistas defendem que endurecer as penas não é a solução para os problemas do país, destacando a importância das saídas temporárias como instrumento de ressocialização.
Diante desse cenário, o governo enfrenta um dilema entre ceder à pressão por medidas mais rigorosas de segurança ou manter-se fiel à sua base de esquerda. A votação de novos projetos e a sanção das propostas aprovadas no Congresso serão decisivas para o governo Lula nos próximos meses.
